A ACEITAÇÃO DO IMPERFEITO



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Acordou atrasada e correu para o duche.

Todo o peso dos pensamentos que teve, de que a vida ia correr mal, voltou outra vez.

Desta vez nem o aroma doce do gel e do óleo no banho ajudaram a sentir-se melhor.

Por vezes o simples toque e o suave aroma do banho, uma meditação, uma infusão e algumas posturas de estiramento, eram o suficiente para começar o dia mais animada.

Hoje não.

Não podia, não queria mais pensar naquilo, em que não conseguia parar de pensar.

Inspirou fundo e expirou, repetiu a respiração sentindo o ar circular até que...parecia já não estar a pensar.

Agarrou uma maçã e saiu de casa. Desceu a rua animada, evitando olhar para a janela da vizinha que a costumava fazer parar, apenas para despejar à sua frente alguma história trágica ou algum azedume quanto a alguém que nem sequer conhecia.

Caminhou de cabeça erguida, atravessando o parque, agradecida pelo som dos pássaros, pelas pequenas borboletas que passavam e pelas poderosas árvores que a rodeavam.

Respondeu ao cumprimento gentil do vendedor de flores, sempre tão sorridente e galanteador.

Olhou para o céu cinzento e entrou no edifício.

Sorriu, ela aprendeu que a vida era imperfeita e isso sabia tão bem.

Acordou atrasada e correu para a vida.

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Ana Cristina Delgado
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