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Todos os anos se comemora o Dia da Mulher, mas, por detrás dessa celebração, existe uma história que remonta aos Estados Unidos, no início do século XX – época em surgiu a ideia de criar o Dia da Mulher no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho e pelo direito ao voto.
Em 1910, numa conferência internacional de mulheres propôs-se a celebração anual das mulheres trabalhadoras – uma luta bastante conturbada– e só em 1975 foi oficializado pela ONU o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Um dia que deveria ser lembrado pelas conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres – independentes de divisões nacionais, étnicas, culturais, económicas ou políticas – é hoje celebrado de uma forma cor-de-rosa e aproveitado para fins comerciais. A ilusão pode manter-se por um dia, mas é importante alertar para os restantes 364!
Comemorar este dia é, acima de tudo, assumir que a desigualdade de género existe e continua a afetar-nos nos diversos setores da vida quotidiana. Falo-vos, por exemplo, da desigualdade laboral, ao nível salarial e no acesso a cargos de nível hierárquico superior, sem critério plausível que o justifique. Quando analisada a “População residente com 15 e mais anos de idade por nível de escolaridade completo mais elevado: total e por sexo” , verifica-se que 61,7% das Mulheres têm formação de ensino superior, um valor estatisticamente significativo comparativamente ao sexo masculino. No entanto, continuam a ser o contingente populacional mais vulvenárel ao risco de pobreza assim como continuam a apresesentar taxas de desemprego superiores (51, 6% segundos dados recentes do PORDATA). Com a agravante de que as mulheres, para além do seu trabalho, ainda têm de desempenhar tarefas domésticas – o trabalho “não remunerado” – que não é equitativamente partilhado pelos seus companheiros.
Contra factos não há argumentos e, neste sentido, é crucial uma aposta em políticas públicas que permitam uma conciliação da vida profissional e da vida familiar, e um efetivo apoio às famílias com a educação dos filhos. No fundo, lutar para que homens e mulheres tenham o mesmo nível de independência e autonomia.
O principal desafio no futuro é incentivar as famílias a desenvolverem estratégias para a promoção e igualdade de género. Isto porque o seio familiar é um contexto de socialização por excelência, assim como é através dele que ocorre a transmissão geracional de estereótipos reguladores de comportamento, suscetíveis de afetar projetos de vida, percursos individuais e relacionamentos interpessoais.
Pensem na vossa mãe, irmã ou esposa e reflitam se é justo que o sexo, característica meramente biológica, deverá continuar a ser critério para discriminar e atentar contra a dignidade humana!
Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades