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Inaugurou no passado dia 5 de setembro, a exposição “Extended Spaces”que conta com obras dos artistas portugueses José Pedro Croft, Rui Calçada Bastos e Fernanda Fragateiro, com curadoria de Sérgio Fazenda Rodrigues.
“Extended Spaces” é um reconhecimento de obras de arte que desenvolvem uma relação arquitetónica pragmática, que por sua vez induz a consciência espiritual através do processo subtil da perceção.
Muitas vezes, as obras de arte transformam o espaço por meio da expansão, contração, adição ou até subtração. Esses protocolos artísticos criam uma consciência espacial e uma experimentação poética. Além disso, eles expressam a necessidade do racional e do espiritual em incluir o espectador no epicentro de um modus operandi, vendo-se confrontado com estados de ser; relações entre o material e o imaterial, articulações relativas ao interior e ao exterior são sistematicamente desenhadas e as obras de arte se revelam-se como estudos de caso para estados de transição e divagações espaciais. O espectador pode ser levado para dentro ou além de uma obra de arte, causando experiências específicas ou abstratas devido a essas manipulações relacionais do espaço.
José Pedro Croft apresenta uma gravura de grande formato, abrindo um espaço complexo que se constrói à nossa frente. Aqui, os elementos sobrepostos diferenciam algo precipitado e fluido (superfície) de algo deliberado, lento e repetido (linha). Oscilando entre a sutileza do esmalte e a densidade de um elemento escuro, a peça encontra-se numa das paredes laterais da galeria e absorve o espectador. No lado oposto, o mesmo artista apresenta uma pequena peça de parede, que utiliza dois espelhos e um cordão elástico vermelho para transformar a nossa perceção de duas telas diagonais num plano horizontal. A passagem entre uma visão focalizada e frontal para um olhar panorâmico mais amplo está ligada ao espaço da galeria, reforçando as transições entre seus diferentes ambientes.
Fernanda Fragateiro concentra-se na herança cultural do modernismo e na reivindicação de espaços fluidos e transparentes. A artista produziu uma série de livros debatendo tais alegações, dentro de objetos de aço inoxidável. A inacessibilidade e a apresentação cuidadosa do conteúdo exploram como a incorporação desafia a imaterialidade através da reflexão. Questionando a forma e a presença do espaço, a sua obra de arte assume uma posição política ao examinar a utopia modernista. Exibidas em várias paredes da galeria e apresentadas como pontos focais, as obras de Fernanda Fragateiro equilibram o discurso da exposição como um todo.
O trabalho de Rui Calçada Bastos pode ser encontrado no espaço mais protegido da galeria, desenvolvendo-se ao longo de linhas que conectam introspeção e amplitude. O artista cria um local temporário, sinalizado pela luz de uma lâmpada e uma mesa portátil onde dois espelhos se refletem, sugerindo uma entrada para um mundo infinito e abstrato. Explorando a ideia de contenção este trabalho abre-se para um espaço fictício.
Entre pequenos e grandes formatos, o interior e o exterior, entre o desejo de se esconder e a necessidade de mostrar, todas as obras de arte exploram diferentes maneiras de compreender o espaço. Ativados pela nossa perceção, de maneira rápida e direta ou delicada e prolongada, elas mudam a nossa posição e desdobram o espaço em múltiplas realidades.
Sérgio Fazenda Rodrigues (Lisboa, 1973) é curador internacional, editor, escritor e arquiteto.
Esta exposição conta com o apoio da Embaixada de Portugal em Bruxelas e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.
A exposição estará patente ao público até ao dia 17 de outubro de 2019.
Morada: Galerie Irène Laub, 29 rue Van Eyck – 1050 Bruxelas
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