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Um belo final de tarde em Bruxelas, com a apresentação de Cantareira, 61, livro de Joaquim Pinto da Silva, na Embaixada de Portugal na Bélgica. Sala cheia, para assistir a quase duas horas de uma merecida homenagem quer ao autor de Cantareira, 61, quer ao famoso morador da casa, Raul Brandão, cujo 150.º aniversário natalício se festejou no ano passado.Com moderação de Lucinda Afreixo, a apresentação da obra esteve a cargo de Francisco Miguel Valada e de Jorge de Oliveira e Sousa.
As hostilidades foram abertas por Francisco Miguel Valada, que salientou a dimensão de personagem metaliterária da casa de Raul Brandão, comparando-a com o Ramalhete de Os Maias, de Eça de Queiroz, personagem literária, e estabelecendo igualmente elos com abordagens de Miguel Torga e de Fernando Pessoa. Valada elogiou o trabalho de Joaquim Pinto da Silva, sublinhando a atenção prestada aos factos, apesar da carga emocional justificada.
Valada sublinhou que Cantareira, 61 é um livro essencial para quem quiser enquadrar a obra de Brandão e, doravante, será uma referência inevitável para quem quiser criar ou actualizar um atlas literário de Portugal. Terminou dizendo que com o contributo para a dignidade da Cantareira e da Cantareira, 61, Pinto da Silva contribuíra para a dignidade do próprio Raul Brandão.
Por seu turno, Jorge de Oliveira e Sousa desafiou Joaquim Pinto da Silva a fazer uma biografia de Brandão, necessária, séria, à anglo-saxónica, tendo em conta a qualidade da escrita do autor de Cantareira, 61, já demonstrada anteriormente em inúmeros textos. Começando por curiosidades acerca da palavra Cantareira, quer etimologicamente a pedra que sustentava o cântaro da água nas casas, quer a sonoridade que reenvia ao cantar e ao segredo do encantar, Oliveira e Sousa chamou a atenção para o encantamento de Pinto da Silva através da descrição, da análise e da argúcia de detective que levaram à certificação da sua tese.
O autor, Joaquim Pinto da Silva, agradecendo as palavras dos elementos da mesa, explicou pormenorizadamente o trabalho levado a cabo para demonstrar a sua tese: a casa onde Brandáo alegadamente nasceu não foi aquela que até agora se pensava ter sido a casa de onde o autor de Os Pescadores escreveu as famosas palavras: "Sento-me nos degraus da minha velha casa e sei a vida toda desta gente". Com recurso a documentos, fotos, planos e testemunhos, Pinto da Silva deu ao público presente na Embaixada de Portugal na Bélgica uma lição sobre Brandão, a Foz, a Cantareira, e a Cantareira, 61. Um dos aspectos mais bonitos da sessão foi a leitura de textos de Brandão, por elementos presentes entre o público. No final, a habitual (e extremamente concorrida) sessão de autógrafos.
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