Morre Navalny mas não a Liberdade!



Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!


Há poucas situações no mundo que juntam tantos de nós do mesmo lado, normalmente os seres humanos são permeáveis ao confronto e rapidamente buscam formas de se antagonizar e diferenciar. Acontece com as ideologias, com os gostos, nas formas de organização, de vestir ou até nas opções desportivas.

Mas existe uma sensibilidade que nos une: o “sentimento de injustiça” perante alguém que se destacou e demonstrou coragem para enfrentar “muros” que achávamos ser inultrapassáveis.

Alexander Soljenitsin, Nobel da Literatura com o livro “Arquipélago Gulag”, foi um dos grandes opositores do regime soviético e por isso foi seu preso político, escreveu sobre este sentimento que nos permite perceber Navalny: “Justiça é a consciência, não uma consciência pessoal, mas a consciência da humanidade como um todo. Aqueles que reconhecem claramente a voz da sua própria consciência normalmente reconhecem também a voz da justiça.”

Assassinaram Alexei Navalny no cárcere bárbaro onde Putin o meteu, pensando que o calavam e o subjugavam, mas a liberdade e a razão não se subjugam! Exaltam-se e defendem-se com coragem. Foi o que Alexei Navalny fez, tornou-se assim num mártir na luta contra os ditadores e facínoras deste mundo.

Infelizmente a história da Rússia é uma sucessão cronológica de opressão e oprimidos, de déspotas, tiranos e autocratas que subjugaram milhões. A literatura descreve muito bem a situação. Todos nós lemos Dostoievski, Pushkinou Nabokov, Tolstói ou ainda o encarcerado e acima citado Soljenitsin.

Apesar da literatura rica, a Rússia enquanto organização histórica e política foi sempre um desastre social, nenhum regime foi bom.

O Czarismo foi o último dos regimes a sair das sombras da idade média, totalmente fora de época. O “circo das aberrações” que os Czares mantinham ainda no século XIX assim o carimba. O regime que se seguiu foi o pior do século XX, igualmente repressor do seu povo, atingiu o grau mais baixo da política porque foi uma máquina de poder que contribuiu para a morte forçada de milhões de russos às mãos de homens como Lenine, Stalin, Brejnev ou mesmo Trotski.

Com a queda do muro de Berlim e consequente queda da URSS, abriu-se espaço para a democratização da Rússia. Mas a história não aconteceu assim.

Vladimir Putin usou os instrumentos democráticos para ser dono e senhor da terra! É um Czar na forma tentada, um soviético no pragmatismo totalitário. É um opressor que sem escrúpulos invadiu um país soberano e ateou o fogo da guerra na Europa.

Usa e abusa do poder ao seu dispor, eliminando todos os que lhe fazem frente. Seja através da manipulação ou do assassinato indiscriminado!

O maior poeta russo, Pushkin escreveu: “Perder a razão é uma coisa terrível. Antes morrer. A um morto consideramos com respeito, rezamos por ele. A morte fá-lo igual a todos. Enquanto um homem privado da sua razão deixou de ser homem.” É por isso que Navalny é um herói, é alguém que não se resignou. Certamente é o preso político do século XXI.

O herói morto em nome da liberdade, não quis perder a razão, preferiu antes que tivessem a vergonha de o matar, não deixou de ser homem em vida, nunca vai deixar de o ser na morte.

Ao contrário do assassino cheio de sangue nas mãos, Navalny lutou por um ideal de liberdade e quem tem essa coragem nunca lhe é permitido a morte.

Enquanto na Rússia e no mundo houver um ser humano que agarre nesta bandeira que Navalny segurou bem alto, a Liberdade nunca morrerá!

Viva a Liberdade!

Luso.eu - Jornal das comunidades
Luis Nunes Dos Santos
Author: Luis Nunes Dos Santos Email: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
Para ver mais textos, por favor clique no nome do autor
Lista dos seus últimos textos



Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades


A sua generosidade permite a publicação diária de notícias, artigos de opinião, crónicas e informação do interesse das comunidades portuguesas.