Governo francês recua sobre ensino de português - embaixador



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 (Lusa) - O Governo francês recuou na retirada do português como prova final para terminar o secundário, abrindo essa possibilidade na Guiana Francesa e na região de Paris como experiência, anunciou hoje o embaixador de Portugal em França.

Jorge Torres Pereira referiu que o Governo francês recuou na medida de retirar completamente o português como prova para terminar o ensino secundário, criando um projeto-piloto na Guiana francesa - que faz fronteira com o Brasil - e na região de Paris, onde a língua ainda vai contar para terminar o ensino secundário.

"Uma campanha de diligências várias [...] desencadeou este processo de resposta por parte do lado francês que significa que, com carácter de experimentação, na Guiana francesa e na região de Paris, o português é também uma língua de especialidade para este ano letivo que começa em setembro", disse o diplomata em declarações ao jornalista na embaixada.

Uma recente reforma introduzida pelo atual Governo francês fez com que o português deixasse de contar para os exames nacionais – que em França se chama ‘baccalauréat’ ou apenas ‘bac’ -, passando apenas a contar para a avaliação contínua, tendo menor preponderância na nota final dos alunos, criando assim o receio de um potencial decréscimo de alunos interessados em aprender português.

Como resposta, Portugal mobilizou-se, juntando o apoio dos restantes embaixadores de países lusófonos acreditados em Paris e o tema foi mesmo assunto do jantar entre o primeiro-ministro português, António Costa, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, aquando da visita do chefe de Governo português a Paris, em maio passado.

No entanto, e devido ao caráter experimental desta medida, o embaixador apela agora a que a comunidade portuguesa e também dos outros países lusófonos se mobilize para inscrever os seus filhos nas aulas de português e os jovens no liceu, que vivam especialmente na Guiana francesa e na região de Paris, não só se inscrevam, mas usem também o português como prova específica de acesso à universidade.

"Temos de conseguir que haja procura e razão para esta medida [...] Temos de lutar para que a experimentação se torne definitiva e a nossa expectativa a prazo é que não seja apenas na academia de Paris, mas extensiva a todo o território", apelou Jorge Torres Pereira.

O diplomata começou por anunciar este desenvolvimento a várias associações lusófonas envolvidas no processo, recolhendo impressões positivas dos diferentes líderes associativos.

"Ficámos satisfeitos. [...] Já houve um recuo por parte do ministro e foi por pressão do senhor embaixador, que mobilizou os outros embaixadores e também pressão política. Também das associações. Só assim é que podemos mobilizar juntos", afirmou António Oliveira, professor de português no liceu internacional de Noisy-le-Grand e secretário-geral da Associação para o Desenvolvimento dos Estudos Portugueses, Brasileiros, Africanos e Asiáticos Lusófonos (ADEPBA), em declarações à agência Lusa.

A ADEPBA organizou mesmo uma petição afirmando haver "discriminação" da língua portuguesa face a outras línguas que se mantiveram como provas de acesso como o alemão, o italiano ou o espanhol.

O embaixador anunciou também a criação da Comissão do Acompanhamento do Português em França. Esta nova comissão vai ter como missão a promoção do português em França, não só como língua de imigração, mas como língua de afirmação internacional, nomeadamente no mundo dos negócios, reunindo meios políticos, associações e outras partes interessadas neste processo.

Um momento único, segundo a comunidade. "Em 20 anos, não houve uma reunião tão consequente e tão alargada", salientou Hermano Sanches Ruivo, presidente da associação Activa.

Esta comissão deverá voltar a reunir-se em setembro, mês em que deverá também haver uma reunião da comissão técnica bilateral entre os dois países para acompanhar as relações entre Portugal e França, prevista para Lisboa. O embaixador convidou também o ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, para um encontro com todos os embaixadores lusófonos.

Participam na Comissão do Acompanhamento do Português em França Jorge Torres Pereiral, o cônsul-geral de Portugal, António Moniz, assim como um representante da Embaixada do Brasil.

A nível de associações, participam a Coordenação do Ensino de Português em França, a Câmara do Comércio Luso-Francesa, a ADEPBA, a Coordenação das Colectividades Portuguesas em França, a ACTIVA, a CIVICA, a Casa de Portugal André de Gouveia, a Associação Cultural para os Estudos Portugueses, a Associação dos Diplomados Portugueses em França e a Cap MAgellan.

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