Portugal pode perder mecanismo que monitoriza direitos das pessoas com deficiência (C/ ÁUDIO)



Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!


(Lusa) – Portugal pode deixar de ter o organismo que monitoriza a aplicação da convenção dos direitos das pessoas com deficiência por exaustão de quem lá trabalha voluntariamente e à espera de regime jurídico e orçamento desde 2017.

A denúncia é feita pela presidente do organismo, segundo a qual o Mecanismo Nacional para a Monitorização da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Me-CDPD) está desde dezembro de 2017 à espera da revisão do estatuto do regime jurídico, depois de não terem sido definidos quaisquer meios para o seu funcionamento.

“Há dois anos que estamos a funcionar sem recursos humanos, sem recursos materiais, tudo o que é feito e tudo o que este relatório espelha é um trabalho voluntário”, apontou Paula Campos Pinto, referindo-se ao relatório de atividade do Me-CDPD para 2018.

Segundo a responsável do Me-CDPD, Portugal corre o risco de ficar sem o organismo responsável por proteger, promover e monitorizar a aplicação da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

“Há o risco de facto da exaustão dos membros do mecanismo e, por esse motivo, deixar de funcionar”, alertou, sublinhando que o trabalho feito até agora só foi possível graças ao “enorme esforço” por parte de todos os membros e de um “grande espírito de equipa e entreajuda”.

Paula Campos Pinto alertou que o Me-CDPD precisa “urgentemente” de ver esta situação resolvida, defendendo que o organismo seja enquadrado na Assembleia da República e que lhe sejam atribuídos os “meios humanos e materiais necessários ao cabal funcionamento”.

A responsável do organismo disse mesmo que a situação demonstra “incongruência” e “contradição” em relação ao que está exposto na própria Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, que chama a atenção dos governos para a criação das condições necessárias a que estes organismos funcionem de forma independente.

“Demonstra bem a prioridade que é dada ou não a um mecanismo desta natureza”, criticou, referindo, por outro lado, que têm um mandato sem fim, uma vez que a resolução de Conselho de Ministros que instituiu o Me-CDPD não determina o final do mandato.

Paula Campos Pinto adiantou que têm vindo a trabalhar com os vários grupos parlamentares para encontrar uma solução e que não percebem a demora na concretização do novo regime.

O Me-CDPD foi criado em dezembro de 2016 por resolução de Conselho de Ministros e cerca de um ano depois, em outubro de 2017, surgiam as primeiras ameaças de demissão pela ausência das verbas necessárias ao funcionamento da estrutura.

Na altura, o organismo sugeria a criação de sinergias com o provedor de Justiça e a Assembleia da República e um orçamento de 150 mil euros, mas o valor nunca chegou a ser atribuído.

Posteriormente, em janeiro de 2018, Paula Campos Pinto afirmava que estaria para breve um novo modelo de financiamento, o que também não se veio a verificar.

O Me-CDPD é um organismo independente e inclui representantes de entidades públicas e de organizações da sociedade civil representativas de cada área de deficiência, num total de dez elementos, não remunerados.

Luso.eu - Jornal das comunidades
Redacção
Author: RedacçãoEmail: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
Para ver mais textos, por favor clique no nome do autor
Lista dos seus últimos textos



Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades


A sua generosidade permite a publicação diária de notícias, artigos de opinião, crónicas e informação do interesse das comunidades portuguesas.