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Terminou ontem na Casa de S. Sebastião, em Ponte de Lima, com um ágape de sabores regionais e de mais além, a visita de gastrónomos ao Minho, residentes na maior parte do ano em Londres, Roma e Amadora, recordemos.
Um cardápio foi preparado pelo chef Paulo Santos para a comitiva e mais alguns membros do Clube de Gastronomia local, e visitantes, reunindo assim uma dúzia de comensais em S. Pedro de Arcos.
Mas, sabendo da curiosidade dos nossos leitores quanto à ementa, ela aí vai: nas entradas, croquete bolinha com queijo de cabra, panado com chia, essa semente originária do México; alheira de galo da Minhofumeiro grelhada com acompanhamento de maçã aromatizada; rissolitos de carne de vitela; bruschettas com queijo flamengo, no forno; croquetes de marisco e presunto da Serra de Arga, laminado, acompanhado com broa de milho amarelo, da Sereia do Lima. A molhar toda a ingestão, umas caipirinhas do rótulo Capim, garrafa trazida de Bárbara, Minas Gerais, por um amigo do Clube! Quanto ao “ataque” gastronómico ele chegou em várias frentes, pois as travessas estavam disseminadas pela mesa, onde sobressaíam lombos de bacalhau de 400 gramas, acompanhadas das respectivas batatas fritas, anéis de cebola, salada mista de alface, cenoura, tomate e demais hortícolas. Era o prato ansiado há meses pelos ilustres visitantes, principalmente o de mais longe: Tomás Pinto Bravo, que segunda – feira retoma a actividade académica em Roma! Do elogio do acepipe com fiel amigo foi encarregue o signatário: um prato sublime para Eça e Feijó, os quais registam nas suas obras (por exemplo A Relíquia, Últimas Páginas e A Tragédia da Rua das Flores) ou correspondência do poeta das Bailatas, principalmente aquando de refeições no extinto Hotel Espanhol, na baixa pombalina de Lisboa, também acompanhado “das coisas mais deliciosas de Portugal”, salientando assim, os legumes, vinhos e doces.
Chegou o tempo da tertúlia, intervenções com reconstituição de antigas famílias e suas propriedades nas freguesias de Arca e Ponte de Lima. As lembranças assentaram no fundador da Villa Moraes, pois Miguel Ayres de Campos –Tovar – recolhe elementos sobre o palacete no âmbito dum estudo sobre construções de aparato no concelho, e o chefe Armando Melo, dos Bombeiros Voluntários com recordações solicitadas da sua juventude sobre a então bela Casa da Abobreira, dos Brito Malheiro, e o produtor do Avô Chouriças na Ribeira, Carlos Pimenta, realçava a Quinta da Torre, ao tempo residência de seu avô; da Póvoa de Varzim, deslocou-se também o jurista e bibliófilo limiano Pedro Vieira Lisboa, da Casa da Freiria em Arcozelo, com uma fotografia em análise dum almoço promovido na estância da Madalena, pelo saudoso benemérito e capitalista António Mimoso (1881-1953), nos anos quarenta da centúria anterior, com identificação de ilustres daquele tempo. Num outro canto da mesa, preponderavam divagações genealógicas e heráldicas, com o especialista José Reis, de Braga, o genealogista Guilherme Vasconcelos, e os forasteiros Gonçalo Palmeira e Tomás Bravo, na linha do tempo! Na hora das sobremesas, abriu-se, um bufett de frutas laminadas (laranja, melão e ananás), um bolo de laranja, caseiro e bolinhos de abóbora.
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