TODOS OS SANTOS E DIA DE FINADOS



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Exaltando o mistério da vida

Por esta ocasião ninguém se livra de pensar mais de perto no mistério da vida e do seu fim, enquanto peregrinos deste "vale de lágrimas"!

Ao recolhimento e à cogitação, junta-se sempre a saudade. Com tantos outros sinais exteriores de partilha e de comunhão. Por esta altura, é mais incisivo o confronto com a nossa condição humana, na solenidade de Todos os Santos e no dia a seguir, na comemoração dos Fiéis Defuntos. Em ambiente de melancolia, mas também de esperança. De facto a vida das pessoas não pode acabar num túmulo! Esta secular celebração de Todos os Santos é, acima de tudo, um convite à contemplação que deleita e valoriza a própria vida.

Somos isso mesmo: viandantes de um espaço delimitado no tempo. Convocados para exaltar o mistério que nos indica a nossa fragilidade extrema, de seres finitos. Também nos relaciona com salutar pertença a uma grande família, na celebração de Todos-os-Santos! Esta intenção catequética, tende fundir-se com o dia de Finados, ou fiéis defuntos.

O culto aos mortos leva a dianteira sobre a celebração dos “Santos”, que como sabemos, está em relação e sintonia com os que ainda vivem. Somos todos nós, em estreita comunhão com os que já partiram! A tradicional romagem aos cemitérios e os cuidados com as campas, continuam a ocupar o espaço e o tempo da reflexão pessoal e comunitária em relação à vida, a Deus e aos irmãos.

É uma tendência que nos afasta do essencial, daquela celebração viva que anima e liberta… Numa quase adoração a quem morreu, esquecemos os que vivem a nosso lado! São dadas autênticas patadas em oportunidades que reúnem e convergem. Desvalorizamos aspectos de relação, subestimamos comportamentos de proximidade e de afectos, também no seio das próprias famílias; há casos que nos deixam embasbacados, por tão grosseiras atitudes e desdém! Verdadeiro drama social, tantas vezes por opção, que é escolha! Não é humano e ainda menos cristão, zelar e/ou adornar aspectos visíveis e materiais aos mortos, sepulturas e afins, sem primeiro terem sido cumpridas as obrigações morais e humanas em relação ao nosso próximo, tantas vezes do mesmo sangue! Que descarada cobardia, que cegueira e cinismo… Claro que é mais fácil.

E mais cómodo! Não há dúvida que temos de ser coerentes e honestos, também no aspecto do respeito e da valorização pela vida. A própria Igreja é persistente a proclamar esse preceito, indicando caminhos que ajudam e enaltecem. Na homenagem que prestamos aos que já nos deixaram, não podemos esquecer aqueles que connosco continuam a fazer a dura caminhada da vida; em cada momento e em qualquer circunstância! De pouco serve a exuberante aparelhagem das sepulturas, as velinhas e as orações, se não estivermos de bem com os que ainda vivem.

De nada adianta aquele ar tristonho com que se sai dos cemitérios, se não tivermos atitudes práticas de presença e companhia com daqueles que nos rodeiam. Não devemos permitir que dentro de nós subsista qualquer ressentimento.   
Que todo este preito, aos que nos antecederam na fé, nos ajude a encontrar caminhos novos de reconciliação, de paz e harmonia.




 ©António Fernandes
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António Fernandes
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