Fado tão nosso, tão português (Crónica)



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Desde bem pequenina todos os domingos me lembro de ouvir o fado logo pela manhã na taverna dos pais do meu tio.

Eu acordava com fado. Amália Rodrigues assim era os domingos na minha Aldeia.

Começava de manhã bem cedo e terminava tarde.

Hoje lembro-me de como era naquela época. Vinham pessoas de várias Aldeias. Em alguns domingos havia pessoas que cantavam à desgarrada.

Tantas vezes escuto o fado na voz de Amália Rodrigues, mas também oiço outros fadistas. Marisa tornou-se numa grande fadista também conhecida pelo mundo, mas nunca tive oportunidade de a ver ao vivo a cantar o fado.

Numa viagem que fiz ao Porto, procurei um restaurante onde podia assistir o fado.

Já sentada, fiquei encantada com a decoração do restaurante. Na minha mesa tinha uma rosa vermelha, as cadeiras com xailes. Perguntei ao senhor que me veio servir a que horas começava o fado. Respondeu que lá já não cantavam o fado. Disse que vim aqui jantar na esperança de ouvir o fado ao vivo pela primeira vez na minha vida. Pouca sorte, entrei no restaurante errado.

Mas numa viagem a Lisboa, numa rua por onde andava, ouvi o fado, e como me senti bem. Naquele dia decidi conhecer a casa onde viveu Amália Rodrigues. Estive naquela maravilhosa rua donde podia admirar toda a cidade. Em frente ao antigo prédio onde viveu a nossa rainha do fado, um senhor vendia sumos de laranja naturais frescos. Pedi um copo de sumo de laranja. Passado uns segundos e depois do senhor ter começado a sorrir, respondi-lhe que o sumo estava uma delícia.

Havia por ali muitos turistas e perguntaram se o sumo era bom, ao que respondi não pode ser melhor e logo em frente à casa onde viveu Amália Rodrigues, aquele sumo sabia melhor.

O senhor tinha as laranjas numa caixa, perto da sua bicicleta, que era o transporte dele para ir para ali todos os dias. Eu comecei a lançar duas laranjas e dizia é bom e fresco, até que chegaram ao ponto das pessoas me fotografarem a brincar com as laranjas. Então vieram ainda mais turistas pedir um copo de sumo de laranja. Com a minha brincadeira, juntei muitas pessoas até acabarem as laranjas. O Senhor olhou para mim com um belo sorriso, muito agradecido e perguntou se eu queria trabalhar ali, ao lado dele.

Eu com o meu sorriso disse: lá se foram as laranjas, mas rapidamente chegou outra caixa de laranjas. Despedi-me das pessoas e voltei a andar por aquela rua. Por momentos senti uma tristeza ao ver o prédio em mau estado onde viveu Amália Rodrigues. Um senhor que passou por mim, percebeu como eu olhava comovida para o prédio, pelo que me disse que dentro em breve iriam fazer obras de recuperação.

Hoje tive vontade de ouvir o fado. Olhei para os meus discos antigos, mas não tenho o aparelho para os ouvir. Estão guardados com muito carinho e um dia penso comprar um aparelho para os voltar a ouvir.

Mas hoje foi a vez de ouvir Marisa, essa outra grande fadista que adoro ouvir muitas vezes. Senti aquela nostalgia do fado que é tão português e conhecido pelo mundo.

Entre os meus livros e discos, tenho vários títulos não só para recordar que os tenho, mas porque amo muito o fado.

Lembro-me como tantas vezes Amália Rodrigues fechava os olhos quando cantava e muitas vezes vejo que Marisa faz o mesmo. Duas grandes fadistas. Portugal é o berço do fado, que reina por todo o mundo.

Da próxima vez, quando entrar num restaurante em Portugal, nem que tenha a declaração: Aqui Canta-se Fado, irei perguntar se vão cantar o fado naquela noite, não vá às vezes acontecer-me como naquele jantar num restaurante no Porto. Espero realmente jantar num restaurante e ao mesmo tempo ouvir o nosso fado.

Como se diz pelo mundo:

Viva o Fado.

Vivam os fadistas.

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Rosa Pereira
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