Quero ser uma árvore



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Vi recentemente uma notícia no P3 Público. O título da notícia e a imagem chamaram-me a atenção. “Eles marcaram com placas as caldeiras onde poderiam nascer dezenas de árvores no Porto” e na imagem vê-se uma placa de madeira onde se lê: “Quero ser uma árvore”.

As placas, segundo a notícia, foram instaladas por voluntários da associação ambientalista Campo Aberto e do grupo Garra após terem feito uma recolha de caldeiras inutilizadas. Encontraram setenta, mas admitiram que o número pode ser superior. São iniciativas de louvar. Os espaços verdes, as árvores são fundamentais para que uma cidade seja minimamente respirável, para além do sentido estético, evidentemente também a embeleza.

Esta notícia veio ao encontro de um livro que li esta semana aos meus educandos. O livro com um título curto e definido “ O Jardim” da ilustradora Anna Walker  editado pela editora Fábula, maio de 2021.

A família da Ema deixa a casa do campo e vai morar para a cidade. A Ema quer levar o jardim com ela, mas evidentemente que não pode levar o seu jardim. Quando chega ao apartamento novo sente falta das plantas, das árvores, dos pássaros, de andar atrás das borboletas. Para compensar essa falta começa a desenhar nos caixotes todos os elementos da natureza que admira e estima, mas, contudo, não é a mesma coisa. Da janela ela avista um parque com baloiços. Quando surgiu uma oportunidade saiu com a sua mãe fazendo o percurso até ao destino pretendido. O parque era um pouco insípido segundo a narrativa. A Ema viu um pássaro e foi atrás dele levando-a até um jardim, mas estava fechado. Na porta de vidro tinha um letreiro com essa indicação. A Ema esperou, mas de nada adiantou. Viu uma pequena planta pela fenda e arrancou-a. Voltou para casa muito feliz com esse tesouro nas mãos. Colocou a planta num frasco de vidro, não era muito grande, mas tinha o espaço suficiente para uma planta crescer. Foi o princípio da criação de um grande jardim, pois Ema incentivou os vizinhos e amigos a fazerem o mesmo. Os prédios deixaram de ser cinzentos e desprovidos de natureza. As varandas e as janelas ficaram verdes e coloridas. Ema recuperou o jardim que julgava ter perdido.

Este livro aborda o tema da adaptação à mudança, o efeito da natureza nas nossas vidas, bem como o contributo que cada um pode dar para o bem-estar uns dos outros.

Cabe a cada um de nós contribuir para um mundo melhor e porque não começar por uma semente ou uma pequena planta?

Este livro também é um pequeno tesouro.

Uma semente que deixei a germinar nos corações dos meus educandos.  

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Silvia Mota Lopes Costa
Author: Silvia Mota Lopes CostaEmail: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
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