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Haverá ainda, no mundo, coisas tão simples e tão puras como a água bebida na concha das mãos?
Depois de terem brincado com os legos, construindo dinossauros com pescoços gigantes ou robôs que se transformam em aviões supersónicos, sentaram-se a moldar plasticina. Sentei-me com eles. Subitamente uma das crianças olhou-me e disse muito espontaneamente: -Professora, vou fazer um anel para ti.
Comovida ponho a mão em cima da mesa. Mostro o meu dedo mindinho para que ela consiga colocar o anel de plasticina cuidadosamente para não se danificar. Agradeço-lhe e sorrio, demonstro-lhe o quanto o seu gesto me fez feliz. Elogiei o anel, disse-lhe que era um anel muito bonito e especial. Ficou com um sorriso no rosto, uniu as mãos e orgulhosamente proferiu repetitivamente: -Que bonito! Que bonito!
São as coisas simples e puras que fazem toda a diferença quando as crianças brincam e interagem com os seus pares, bem como os adultos.
Pensei naquele momento o quanto são felizes aquelas crianças neste pedaço de mundo e como em tantos outros, a guerra dos adultos lhes rouba os sonhos, a infância e lhes foiça a vida. Quem os fará parar?
[..] “Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como uma bola colorida
entre as mãos de uma criança”.
Pedra filosofal - António Gedeão
Eles não sonham.
Fazem a guerra e nenhuma criança quer uma bomba entre as suas mãos.