OBSCENIDADES



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Vivemos num mundo onde as palavras e as acções obscenas parecem ter perdido o seu verdadeiro significado. Vivemos num mundo onde as palavras e as acções obscenas parecem ter perdido o seu verdadeiro significado. Têm muito pouco de obsceno. O verdadeiro obsceno não está nas palavras ou gestos, mas sim na realidade que muitos são forçadas a enfrentar diariamente.

A obscenidade reside nos dias actuais, na vida difícil e cruel que tanta gente é obrigada a viver. A miséria, a fome, a guerra, a crueldade, a traição, o genocídio, a opressão, a injustiça, tudo isto é obsceno. É uma realidade que nos choca e nos entristece.

É obscena, a imposição de certas normas sobre a forma como devemos viver as nossas vidas. Sentimo-nos aprisionados por regras que não escolhemos, que são impostas por alguns em detrimento dos desejos e vontades de muitos, o não termos a liberdade de viver a vida que desejamos, de ter o trabalho que queremos, de nos deslocarmos para onde queremos, de ouvir a música que gostamos, de comer o tipo de comida que preferimos, o não termos livre arbítrio sobre as nossas próprias vidas.

A obscenidade está presente em inúmeros aspectos da sociedade. Por trás de uma fachada de progresso e modernidade, encontramos uma realidade sombria e desconcertante.

É ainda e também obsceno, o possuir riqueza individual imensa, quando tanta gente morre de fome, o fabrico de armas para alimentar guerras, a falta de empatia para com os mais desfavorecidos, a deslealdade dos governantes para com o seu povo, o lucro baseado na corrupção, o tempo de miséria, fome, guerra, crueldade e deslealdade, que nos são quotidianos, o acto de trair a confiança do outro, assim como os genocídios e opressões que ainda ocorrem, a injustiça que prevalece em tantas esferas da sociedade e o desespero que consome tantas vidas, o matar em nome da religião, a calamidade que nos rodeia, assim como as superstições atávicas, a imposição de ideias retrógradas e controladoras e as formas modernas de inquisição, que cria um ambiente de medo e silencia qualquer voz discordante, o ter quem mande em quem manda em nós, sem que tenha sido eleito ou sujeito a sufrágio, e, no mundo que outrora era decidido pelas cores das bolas de pedra e ganhava a que simbolizava a luz, ter passado a vencer a da sua ausência.  

Num mundo regido pela lógica do poder e do lucro, e pelas agendas daqueles que detêm as rédeas, a noção de liberdade individual é distorcida e, muitas vezes, ignorada. A verdadeira obscenidade não se encontra nas palavras maliciosas ou nos gestos considerados impróprios, e é importante não ficar indiferente a tudo o que se passa, bem escondido à vista de todos. Devemos lutar contra essas injustiças e trabalhar para criar uma sociedade mais justa e equilibrada. Devemos combater o desaparecimento dos nossos valores, que nos são impostos, e lutar pela nossa liberdade de escolha e de expressão.

É através da empatia e da solidariedade que podemos superar a obscenidade da nossa realidade atual. Cada um de nós tem o poder de fazer a diferença, de se posicionar e de lutar por uma sociedade mais equilibrada.

É um erro aceitar este estado de coisas como uma realidade inevitável. Devemos trabalhar para construir um mundo onde cada indivíduo tenha o direito de viver a vida que deseja, de forma livre e autêntica. Está na hora de enfrentar a verdadeira obscenidade que nos rodeia, e a que nos querem impor, e trabalhar incansavelmente para alcançar uma realidade onde a justiça, a igualdade e o respeito mútuo sejam a norma e os nossos valores, e onde a obscenidade seja apenas uma memória do passado.

Cada um de nós tem de ser a mudança que queremos ter. Neste cenário obscuro, encontraremos uma luz de esperança. Aqueles que ousam desafiar as imposições e lutar por um mundo mais justo são a voz da resistência, as pessoas que se recusam a aceitar a obscenidade do mundo e procuram uma mudança verdadeira, através da empatia, compaixão e solidariedade.

 

José Fernando Magalhães

“- Por decisão do autor, este artigo encontra-se escrito em Português, e não ao abrigo do «novo acordo ortográfico».”

 

 

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