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Porque é que a exportação é o caminho para as empresas portuguesas? Podem as comunidades portuguesas no exterior ajudar e ao mesmo tempo beneficiar com isso?
O mercado português, ou de outra forma, os diferentes mercados em Portugal, são relativamente pequenos, ao que se junta o facto de a economia portuguesa ser uma economia muito aberta ao exterior. Em muitos casos, aquando da abertura europeia da nossa economia houve uma cedência de largas faixas de mercados para as empresas estrangeiras que em muitos casos obtiveram 30, 40% e até mais, do mercado nacional onde se inseriam. Este facto não teria tido um impacto muito negativo para as empresas nacionais, e consequentemente para a economia portuguesa, se as empresas portuguesas tivessem conseguido ganhar uma quota de mercado europeu e mundial que mais que compensasse essa perda.
Tal facto ainda não aconteceu, apesar de nos últimos anos ter havido algumas melhorias. Em termos de comparação, Portugal tem um rácio de exportações / PIB de cerca de 40%, enquanto países de igual dimensão na Europa, tem 104% na Irlanda, 72% na Checa só para dar alguns exemplos.
Portugal conseguiu grandes avanços na formação de pessoas, tendo um nível de formação superior e técnico muito razoável mesmo quando comparado com os nossos parceiros europeus.
Por outro lado, na última década o investimento total em função do PIB foi em Portugal de 24%, mais alto do que a Holanda (20%), que é um pais com grande sucesso em termos de internacionalização e exportações.
Mas então onde reside o problema? Ou dito de outra forma, porque é que as empresas portuguesas exportam tão pouco, e se sujeitam a dividir o seu mercado interno já de si relativamente pequeno, com as suas congéneres europeias e não só?
Em primeiro lugar, uma questão cultural. Esta questão tem sido contrariada pelas enormes dificuldades sentidas no mercado nacional devido á crise, e que aos poucos começa a ser ultrapassada.
Em segundo lugar, o rácio investimento / PIB que falámos englobam todo o tipo de investimento, público e privado. Qualquer um deste investimento é importante, e não é a questão de diferenciar entre eles. A diferenciação terá que ser entre os investimentos que podem aumentar as exportações e aqueles que não aumentam. Até aqui, foi dada uma grande prioridade aos investimentos (que também são necessários) em bens não transacionáveis, ié que não fomentam as exportações.
E uma coisa leva a outra. Como o foco dos investimentos tem estado nos bens não transacionáveis, também os empregos e a mão-de-obra qualificada ou muito qualificada, está junto desses investimentos. Um exemplo será o facto de pessoas altamente qualificadas viverem á sombra das empresas e sectores não transacionáveis, quando deveriam estar na vanguarda da inovação e internacionalização como acontece com os países nossos parceiros. E em casos mais extremos, há muitas pessoas com grandes qualidades profissionais preferem trabalhar dependentes do estado, que tem as suas dificuldades orçamentais, peso burocrático, necessidade de lobby, que paga mal e atrasado, a terem iniciativa para criarem empresas em sectores exportadores, onde facilmente essas restrições seriam ultrapassadas.
O terceiro ponto é o financiamento. Criar empresas implica necessidade de financiamento. Aqui, podemos referir que mesmo na altura do crédito barato em Portugal, não se avançou muito nessa matéria. Os maiores avanços deram-se com a tentativa de ultrapassar a crise severa que tivemos.
Finalmente, como podem as comunidades portuguesas por esse mundo fora, contribuir para que o nosso pais aumente as exportações?
Simples. Se fizerem a ligação entre as empresas produtoras portuguesas e os mercados onde vivem. Se ajudarem a criar estruturas, redes de trabalho e contactos. Se tomarem a iniciativa de puxar pelas empresas portuguesas, podem não só ajudar muito como podem também sair muito beneficiadas.