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Os habitantes da cidade de Sumy (nordeste), próxima da fronteira com a Rússia, estão sob fogo intenso e temem pela sua vida, relatou à Lusa uma habitante daquela cidade ucraniana, dizendo que lhes foi cortado o abastecimento de água e eletricidade.
“Não temos água e eletricidade. Putin e o povo russo estão a matar-nos, a destruir as nossas cidades, escolas e jardins de infância. Estamos a sangrar e a morrer com as bombas e os mísseis”, afirmou Olena Levchenko, numa mensagem enviada à agência Lusa na noite de hoje.
O texto chegou à Lusa por ‘e-mail’ após várias tentativas de contacto através de Facebook sem sucesso, devido à situação delicada que se vive em Sumy.
“Morremos, porque somos ucranianos, porque queremos viver numa sociedade democrática, poder eleger o nosso presidente e influenciar as nossas autoridades, melhorar a nossa vida, o nosso futuro. Somos trabalhadores, gentis e prestáveis”, adiantou no texto emocionado.
De acordo com Olena Levchenko, os russos têm as “mentes envenenadas com propaganda”, ignorando os pedidos da Ucrânia para que o Presidente russo, Vladimir Putin, seja parado.
“Tudo o que posso fazer é tentar, tentar gritar para o espaço: SOCORRO!!! SALVEM-NOS!!! E sonhem que amanhã a guerra vai terminar e a luz vai derrotar as trevas. Não deixem que eles [russos] nos matem”, apelou.
A última mensagem de Olena Levchenko foi que não iria conseguir abandonar a Ucrânia, pois a sua mãe, idosa, não iria resistir, porque necessita de medicamentos.
Segundo a residente em Sumy, os camiões de abastecimento de bens alimentares são atingidos preferencialmente pelos militares russos e já começam também a faltar medicamentos na cidade.
Na quarta-feira, ainda era possível comprar pão nas cidades ucranianas, por exemplo, mas nas aldeias já não.
Como muitos ucranianos, Olena Levchenko está disposta a dar a vida pela pátria e convencida de que a vitória está do lado dos “valentes guerreiros” da Ucrânia.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.