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LA CARAVELLE PERDUE
Uma Viagem pelo tempo
Régine Kolinsky trouxe até à nossa Embaixada em Bruxelas o seu primeiro romance; a apresentação foi feita por José Morais no passado dia 21 de Setembro.
Nascida em 1959 na Bélgica, Régine Kolinsky , Doutorada e agregada em Psicologia, é Diretora da Unidade de Investigação em Neurociências Cognitivas da Universidade Livre de Bruxelas. É autora de mais de cem artigos científicos e foi professora visitante na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil, onde viveu durante dois anos. Publicou em coautoria com José Morais obras como A última metamorfose de Zeus (Gradiva, 2005).
O livro explora um enigma da história: a caminho do novo mundo, um navio da frota de Pedro Álvares Cabral desaparece sem deixar qualquer vestígio, mas passados mais de 500 anos reaparece intacto no Estado da Bahia, perto de um luxuoso complexo de lazer. Segue-se a estupefação e os equívocos, tanto da parte dos navegadores portugueses como dos nossos contemporâneos e começa uma intriga que mistura a ficção com a realidade. Trata-se de um imbróglio temporal que conduz o leitor numa descoberta apaixonada, mas crítica do Brasil, segunda pátria da autora.
Paulo Cunha /luso.eu- Porquê um romance de ficção quando praticamente toda a sua carreira tem sido dedicada à investigação científica?
Régine Kolinsky- Ciência e criatividade são dois mundos paralelos. Um mundo de ciência com rigor e metodologia científica e um outro mundo de imaginação e criatividade. Neste livro resolvi enveredar por este último. Por vezes as ideias chegam primeiro pelas artes antes de serem pensadas pelos cientistas. À exceção de algumas discussões científicas e de alguns personagens reais, a grande maioria deste romance é puramente baseada na imaginação e na criatividade.
Apesar de ter uma longa carreira cientifica, desde muito cedo comecei a ler os clássicos dos autores brasileiros. Daí começou a paixão pela literatura e o sonho de descobrir o Brasil. Quando surgiu a oportunidade, tive a curiosidade não só de viajar como também de lá viver quotidianamente, o que acabou por acontecer durante 2 anos.
A ideia deste livro surge quando me encontrava no Brasil, no momento em que me coloquei a questão do que aconteceria se alguém do passado chegasse à atual sociedade brasileira ou, de uma forma mais geral, ao mundo atual. Mais tarde tomei conhecimento de uma nau portuguesa que havia naufragado no mar ao largo do Brasil e estava assim encontrado o ponto de partida ideal para este romance.
PC/luso.eu- Qual a importância dos factos históricos neste romance?
RK- Fiz bastante pesquisa e resolvi esquecer tudo para reinventar tudo de novo outra vez. Aliás, este livro foi um motivo excecional para ler sobre a História de Portugal e do Brasil e compreender melhor a relação entre os 2 países e perceber como ambas se complementam mutuamente. No entanto, não se trata, obviamente, de um livro histórico, apesar de fazer referência ao real naufrágio da nau portuguesa e a alguns personagens reais dessa altura.
PC/luso.eu- Escreveu este romance a pensar nalgum público específico?
RK- No momento que o escrevi não pensei muito nisso. Tive, porém, algumas opiniões que me indicaram algumas passagens mais difíceis de compreender, sobretudo a nível de vocabulário. A esse nível é, por isso, dirigido a um público mais adulto, mas também poderá suscitar a curiosidade em alguns adolescentes.