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O presidente do Chega, André Ventura, disse hoje esperar que o primeiro-ministro anuncie a demissão dos ministros das Infraestruturas, João Galamba, e do Ambiente, Duarte Cordeiro, tendo indicado ainda que vai chamar Mário Centeno ao parlamento.
“O que eu espero ouvir hoje é que vai demitir João Galamba e que vai demitir Duarte Cordeiro. Se não for isso, é uma grande desilusão”, disse hoje André Ventura na Golegã, distrito de Santarém, à margem de uma visita à Feira de São Martinho, Feira Nacional do Cavalo e Feira Internacional do Cavalo Lusitano, quando questionado pelos jornalistas sobre as expectativas relativamente à comunicação anunciada para hoje às 20:00 por parte de António Costa.
“A única coisa com dignidade que o primeiro-ministro pode fazer é afastar estes nomes nocivos para a credibilidade da democracia”, afirmou Ventura.
O líder do Chega considerou ainda que se António Costa não demitir aqueles dois ministros, o país cai num “lamaçal tremendo até ao dia das eleições” legislativas, agendadas para 10 de março.
André Ventura, na sequência do caso judicial que relaciona membros do Governo com negócios de lítio e hidrogénio e que originou o pedido de demissão de António Costa, disse ainda que vai chamar a atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, ao parlamento, para pedir esclarecimentos sobre a sua alegada indicação para ocupar o cargo de primeiro-ministro.
“Ser indicado pelo Partido Socialista (PS) não depende dele, outra coisa é, aparentemente, segundo notícias de hoje, que estava disponível e teria aceite ser o novo primeiro-ministro do PS”, frisou o líder do Chega.
“Eu acho que nenhum português compreende que alguém que está num cargo supostamente de independência e de imparcialidade tenha aceite ser primeiro-ministro de um governo, seja ele qual for”, afirmou, tendo indicado querer que Mário Centeno vá ao parlamento para “prestar esclarecimentos” e “explicar se acha que tem condições para continuar a ser governador do Banco de Portugal”.
“Nós achamos que não, mas ele que diga de sua justiça”, concluiu André Ventura, hoje presente na Golegã, onde circulou perante milhares de visitantes, tendo parado para conversar e tirar selfies com quem o solicitava naquela que considerou ser uma “extraordinária receção”.
O presidente do Chega deixou ainda uma promessa na vila ribatejana: “Nós vamos devolver ao mundo rural a dignidade e o estatuto que merece. É um pacto e que melhor sítio que a Golegã para estabelecer este pacto”.
O primeiro-ministro, António Costa, reúne-se com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na terça-feira, para abordar a situação no Governo do ministro das Infraestruturas, disse hoje à Lusa fonte do executivo.
Na quinta-feira, à entrada para a reunião da Comissão Política Nacional do PS, em Lisboa, o primeiro-ministro já tinha afirmado que iria falar com o chefe de Estado sobre a situação do ministro no executivo, depois de João Galamba ter sido constituído arguido no processo que envolve negócios com lítio em Boticas e Montalegre, hidrogénio e o centro de dados de Sines.
O primeiro-ministro faz hoje uma comunicação ao país a partir da residência oficial em São Bento, às 20:00.
Na sexta-feira, numa audição no âmbito da proposta do Orçamento do Estado para 2024, João Galamba garantiu que não irá apresentar a demissão.
Na terça-feira, na sequência do caso judicial que o relaciona com negócios de lítio e hidrogénio, o primeiro-ministro apresentou a sua demissão a Marcelo Rebelo de Sousa e anunciou que não iria recandidatar-se nas eleições legislativas antecipadas, entretanto marcadas pelo chefe de Estado para 10 de março.
O também secretário-geral do PS é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça após suspeitos neste processo terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ministro das Infraestruturas, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.
Cinco pessoas foram detidas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.