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Quatro meses após a crise pandémica associada ao vírus COVID-19 se ter iniciado, fica claro que o grande perdedor geopolítico da pandemia provavelmente será a União Europeia.
Os motivos são vários e vão para além do fraco desempenho dos Estados membros no uso de ferramentas integradas da UE para combater o tanto o vírus como o seu impacto económico - embora isso também tenha um papel importante.
A principal razão prende-se com o facto da habitual resiliência da União estar agora em risco devido a uma possível falência, tanto monetária como do sistema, que fortemente contribui para abalar, ainda mais, os esforços até agora feitos na unificação e fortificação da política externa. Vê-se uma notória pobreza de alicerces, que não só afetam a posição a UE dentro das suas fronteiras, mas também no resto do mundo.
O problema não chegou com a pandemia e as suas naturais consequências. Há muito que se fala numa Europa esgotada, que em horas de crise não permanece coerente. Inicialmente certos países ignoraram a solidariedade dentro da União, onde alguns impuseram proibições de exportação de kits médicos vitais e colocaram controles de fronteira que, inclusive, deixou muitos cidadãos europeus retidos fora dos seus países de origem. Ainda, no preludio da crise, foram a Rússia e a China os responsáveis por enviar suplementos médicos para a Itália, enquanto seus vizinhos mais próximos não responderam imediatamente aos pedidos de ajuda de Roma.
Seguidamente a Alemanha, Áustria e o Luxemburgo reconduziram a sua ação no sentido contrário, abrindo os seus hospitais a pacientes dos países mais atingidos. A França e a Alemanha doaram mais máscaras para a Itália do que a China, de acordo com o executivo da UE.
Mesmo com uma viragem de discursos, em que os líderes europeus convergiram para uma resposta a esta crise de saúde pública, com a promessa de reformulação do sistema de gerenciamento de crises da UE, incluindo o financiamento para pesquisa de vacinas e aquisição conjunta de kits médicos, os países continuam divididos sobre como ajudar a economia. A pandemia reabriu as feridas da crise da zona do euro, ressuscitando estereótipos sobre os “perdulários” europeus do Sul e o velho Norte com o habitual “coração duro". "
Aguarda-se assim o desenrolar desta história, que apesar de nova faz presente a velha crise na confiança entre os Estados membros e dentro de todo o sistema, que acaba por ser o real problema Europeu.