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A European Wind Tower Association – EWTA (Associação das indústria europeias de torres de aço eólicas) realizou no passado dia 21, no Press Club em Bruxelas, uma conferência de imprensa sobre os problemas do sector, na presença do Senhor Embaixador de Portugal António Alves Machados, vários associados, órgãos de comunicação social e outros convidados.
A associação informou os presentes e tem vindo a alertar as autoridades para o facto de estar a enfrentar tempos difíceis, sobretudo depois de a Comissão Europeia ter tomado medidas "anti-dumping" relativas ao aço chinês; como consequência os preços das chapas grossas importadas aumentou 40% desde 2016. Também por isso, o custo de produção dos produtores europeus aumentou, levando a uma queda na procura por parte de clientes europeus. "Temos perdido cada vez mais pedidos para fabricantes de torres eólicas chinesas”, disse Markus Scheithauer, da Alemanha, membro do conselho da EWTA. “Nós vemos os grandes pedidos serem direccionados para as empresas chinesas. Os produtores de torres eólicas na Europa têm sido deixados com quase nada".
Alguns dos efeitos colaterais dessa diminuição abrupta da procura já se fazem sentir, com muitos produtores europeus a serem forçados a aceitar pedidos abaixo do preço de custo para poderem manter a actividade e as portas abertas.
"Tivemos que demitir algumas pessoas", disse José Maria Ávila, de Espanha, Membro do Conselho da EWTA. "E porque continuamos a ver uma tendência negativa, talvez precisemos de demitir mais pessoas. É uma situação muito difícil para nós. E não são apenas os produtores da torre eólica. Também os nossos fornecedores estão a começar a sofrer."
Com uma capacidade instalada total de 153.7 GigaWatts, a produção de torres eólicas no território da União Europeia já ultrapassa o carvão como a segunda forma de produção de energia.
Uma nova directiva da UE sobre Energias Renováveis visa atingir 32% de energia produzida por métodos renováveis até 2030. Queremos energia renováveis na Europa, mas a que preço e quem é que ganha com esse grande potencial de mercado?
“A última coisa que pedimos é o protecionismo”, afirmou Gonçalo Lobo Xavier, Director Executivo da EWTA. "Mas quando olhamos para os preços que algumas empresas asiáticas estão a oferecer, isso faz-nos pensar: eles talvez estejam a receber ajudas estatais, o que cria uma concorrência desleal com as empresas na Europa? Nós não sabemos, mas achamos justo perguntar e investigar. É tudo o que pedimos, que a UE olhe mais de perto para estes pontos".
Criada em 2018, a EWTA é uma associação sediada em Bruxelas que visa promover e apoiar a siderurgia europeia. Junta os "key players" do sector a nível europeu e assegura a prestação de informação, serviços e orientação aos seus membros em áreas relacionadas com os assuntos políticos da UE e internacionais.
Alguns dos países onde existem associados e logo agentes económicos a sofrer com esta situação são: Espanha, França, Dinamarca, Alemanha, República Checa e Portugal, entre outros.
"Nós só queremos uma igualdade de condições", disse Lobo Xavier. “Na Europa, preocupamo-nos com inovação, qualidade, sustentabilidade e respeito pelos direitos sociais. Acreditamos que é justo que todos os produtores respeitem as mesmas regras. Isso é parte do mercado livre. ”
As autoridades estão informadas, agora é tempo de agir. Resta saber se a resindustrialização da Europa é mesmo para ser levado a sério, e se para os 32% de energia renováveis em 2030, teremos mão-de-obra e "know-how" europeu, ou se permitimos a concorrência desleal e deixamos morrer a nossa indústria e perder ainda mais empregos.
É caso para dizer; bons ventos para a EWTA nesta luta pela defesa de um sector essencial para o nosso futuro .