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Hoje colocamos em notícia quem tem a missão de as dar. Falamos de António Sampaio, jornalista português sedeado em Timor-Leste que, recentemente, recebeu a Medalha de Ordem do país pelas mãos do Presidente da República timorense, Nicolau Lobato. A partir de Díli, o luso.eu esteve à conversa com o correspondente da agência Lusa em Timor.
António Sampaio já vai na sua segunda estadia em Timor. Território marcado por vários conflitos, e com as dificuldades inerentes de um país com uma democracia “ainda jovem”, este jornalista tem por missão informar em língua portuguesa o que se passa naquele pedaço de terra.
Sampaio cobre as notícias de Timor desde os anos 90. Há décadas que é o único jornalista estrangeiro no país, fazendo com que se ouça falar de Timor-Lorosae em português.
Pela sua dedicação e pelo seu trabalho, este ano, foi reconhecido com a Medalha da Ordem de Timor-Leste. Agora, tem “uma responsabilidade acrescida” para informar sobre um país que acompanha há décadas e com quem tem uma ligação especial.
“Sinto que o papel que aqui tenho, que a Lusa aqui tem, é grande, porque é o único veículo de saída de notícias sobre Timor para o mundo”, comenta Sampaio, visto que a imprensa local escreve maioritariamente em tétum, a língua nacional e co-oficial de Timor.
Anualmente, o Banco Central de Timor-Leste atribui dois prémios: a uma instituição e a uma individualidade. O jornalista da Lusa foi reconhecido a nível individual pelo trabalho jornalístico que tem desenvolvido, sobretudo na área da economia e das finanças. “Estes assuntos são mais densos e o Banco Central reconheceu o trabalho que eu tenho feito para suprimir as lacunas da imprensa local”, afirma Sampaio.
O jornalista revela que aos seus colegas em Timor falta-lhes formação para lidar com os temas especializados como a economia e as finanças. Os mais qualificados acabam por “arranjar emprego no Governo, onde se ganha cinco a seis vezes mais”, explica Sampaio.
“O salário de um jornalista em Timor ronda os 120 dólares (cerca de 102 euros) e as dificuldades são gerais, não só na parte técnica, mas também no tratamento de alguns temas, que pedem capacitação técnica”, comenta Sampaio.
Apesar de tudo, António Sampaio sublinha que existiu uma melhoria significativa da qualidade da imprensa local nos últimos anos. Foi criada a Tatoli, a agência noticiosa de Timor-Leste, que apesar de ser um pouco "a voz do Governo, dominada pela agenda política, fez aumentar as notícias sobre Timor. Os meios privados também estão a crescer e já com alguma qualidade”, afirma.
Sobre Timor-Leste, descreve como “um país jovem, que se debate com falta de recursos, onde ainda é preciso formar pessoas, criar leis e infraestruturas”. Contudo, realça, que para quem viu Timor nos anos 90, as melhores são bem visíveis.