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(Lusa) - O Ano Europeu do Transporte Ferroviário, lançado na próxima segunda-feira pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), pretende destacar a ferrovia como "instrumento fundamental" para atingir as metas do Pacto Ecológico Europeu.
O objetivo é afirmado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado que, em declarações à Lusa, reforça o "compromisso" da ferrovia de contribuir para atingir a neutralidade carbónica até 2050.
É uma "feliz coincidência" acontecer durante a presidência portuguesa, diz, apontando os investimentos em infraestruturas ferroviárias que Portugal tem em curso, que "ascendem a mais de dois mil milhões de euros", e os 10 mil milhões do Plano Nacional de Investimentos 2020-2030 destinados à ferrovia, designadamente à recuperação de comboios, "já muito visível com a abertura da oficina [da Comboios de Portugal] de Guifões".
O evento "encaixa de uma forma perfeita naquilo que tem sido a ação governativa de Portugal", considera Jorge Delgado.
A escolha de 2021 resulta "de um crescendo da importância que este tema assume na sociedade internacional", havendo já um discurso "unânime", fundamentado nos dados existentes e conjugado com fatores como a "sustentabilidade ambiental", o "conforto", a "eficácia", a "segurança para as pessoas" e o "contributo para a economia".
O comboio "é, de facto, um transporte verde e sustentável”, frisa, notando que “grande parte da ferrovia, hoje, está eletrificada, e a que não está, está em processo de eletrificação por toda a Europa”.
Em consequência, “emite muito menos CO2 [dióxido de carbono] do que qualquer outro transporte” e é “o único meio que, desde 1990, tem consistentemente, ano após ano, reduzido as suas emissões de gases e o consumo de energia".
Para as pessoas, sublinha, é um "transporte acessível em termos de preço" e que "pode ser muito confortável se os comboios forem bons e se as infraestruturas tiverem boas condições", o que o torna "muito seguro", registando “a menor incidência de acidentes fatais”.
Em relação ao transporte de mercadorias, Jorge Delgado considera que "urge fazer alguma adaptação e transformação global", a fim de aumentar significativamente "a utilização do transporte ferroviário, que permitirá às empresas muito maior competitividade com custos mais controlados".
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e a comissária europeia para os Transportes, Adina Vălean, farão a abertura do lançamento do Ano da Ferrovia, que contará no encerramento com a comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira.
A eurodeputada e presidente da comissão parlamentar dos Transportes, Karima Delli, e a relatora do Ano Europeu do Transporte Ferroviário, a eurodeputada Anna Deparnay-Grunenberg, estão também entre os participantes.
O secretário de Estado destaca que a discussão sobre as temáticas da área ferroviária será "privilegiada" pela presença dos principais 'stakeholders' do setor: o CEO da Alstom, Henri Poupart-Lafarge, o diretor executivo da Agência Ferroviária da União Europeia (ERA), Josef Doppelbauer, o diretor executivo da parceria europeia Shift2Rail, Carlos Borghini, e os portugueses Joaquim Guerra, diretor de Relações Institucionais e Internacionais da Comboios de Portugal (CP), e Francisco Cardoso dos Reis, diretor de Relações Internacionais da Infraestruturas de Portugal (IP) e presidente da União Internacional dos Caminhos-de-ferro (UIC) Europa.
Será um "debate alargado" com "representantes da indústria, das entidades de segurança, das entidades de investigação", centrado no caminho a seguir "para melhorar e tornar este modo de transporte mais eficaz e mais efetivo", "do ponto de vista tecnológico, da operação, das infraestruturas, da digitalização”.
Durante o Ano Europeu estão planeadas 82 iniciativas em vários Estados-membros da UE, com Portugal a organizar "uma conferência sobre as redes europeias de transporte", inicialmente prevista para junho, mas adiada para setembro por "questões pandémicas”.
Associado à conferência, haverá um "comboio de Lisboa a Ljubljana, que partirá de Lisboa e que fará escala em Bruxelas, Berlim e Bucareste, terminando em Ljubljana”, capital da Eslovénia, que exerce a presidência da UE no segundo semestre de 2021, “com uma série de eventos ao longo do trajeto".
A cidade do Porto acolherá as Jornadas de Segurança Ferroviária e haverá ainda uma conferência virtual sobre Transporte Ferroviário de Mercadorias, prevista para 12 de maio, decorrendo ainda "um concurso nacional de desenho com as escolas”.
Este "conjunto muito vasto de eventos” visa contribuir para aquilo que o Ano Europeu da Ferrovia simboliza.
“Um espaço de promoção do transporte ferroviário, de discussão a todos os níveis” - com cidadãos, passageiros, peritos, decisores políticos – sobre “as vantagens, as dificuldades do setor e, acima de tudo, as medidas políticas que urge tomar para promover este modo de transporte”, sintetiza.
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