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Nasceu em Lisboa, tendo emigrado para a Suiça em meados dos anos oitenta. Em Genebra recomeçou uma nova vida e cedo se sentiu entusiasmada ao cantar o fado, tendo começado então a atuar em restaurantes e associações de portugueses.
Mariana Correia costume dizer que o fado é uma paixão, e o destino veio a unir essa sua paixão a uma outra: Mário Correia, músico e seu atual marido, tendo feito inúmeros espetáculos juntos. Mais tarde, juntaram-se outros músicos e formaram assim o grupo Fado Fatum.
Fado, vem da palavra em latim « fatum » que quer dizer destino. Muito se tem falado acerca da origem do fado, havendo mesmo quem diga que teve início no bairro da Mouraria, em Lisboa, por influência dos cantos mouros. A melancolia e a dolência sempre presentes neste estilo de música teriam sido herdadas daqueles cantos. No entanto, tal explicação parece pouco verosímil de um ponto de vista etnomusicológico, por não se ter verificado a mesma influência noutras regiões do país, também com grande presença de comunidades mouras, como por exemplo a Sul de Portugal.
Outras pessoas dizem que o fado surgiu nas tabernas dos bairros pobres de Lisboa, em inícios do séc XIX, onde os sentimentos são uma constante neste tipo de música, alimentados pela esperança, expressando os sentimentos íntimos da alma marcados pela fatalidade e pela tristeza, num misto de emoção sentida entre o fadista e seu público, certo é que o fado é uma música urbana.
O fado foi classificado Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO em 2011, mas ainda antes deste reconhecimento internacional já o grupo Fado Fatum, colecionava êxitos por terras helvéticas. Durante cerca de trinta anos, o grupo fez centenas de atuações por toda a Suiça, nas cidades fronteiriças da Alemanha e França, através das importantes comunidades portuguesas.
O nosso jornal foi ver uma atuação desta fadista em Vulbens, França, no dia 27 de janeiro e aproveitou para saber mais informações sobre o evento. Serge Benito, é francês e o atual diretor do MJC du Vuache, uma associação cultural que existe desde 1940.
Augusto Lopes : A associação MJC du Vuacehe tem um programa muito diversificado ao longo do ano. Como nasceu a idéia de um evento com fado, já que não existe nenhum português na direção de sua associação?
Serge Benito (SB): A idéia de uma noite de fado veio depois de uma conversa com Carlos da Silva, presidente do clube de ciclismo Velo Vuache. Eu tinha em mente realizar esse tipo de espectáculo e conversando com Carlos, ele deu-me confiança no sucesso do evento, e então começou-se logo a organizar o evento, onde também houve uma mostra de produtos portugueses, como vimos hoje, ao abrir o evento.
Augusto Lopes : Costumam ter eventos com outros tipos ou estilos de dança de outros países?
(SB): Com este primeiro sucesso, certamente renovaremos a experiência. Estamos à procura de novos destinos.
No final do espetáculo mais de duzentas pessoas aplaudiram de pé Mariana Correia e o grupo Fado Fadum. Aproveitámos para também a entrevistar.
Augusto Lopes (AL): Mais habituada a atuar para a comunidade emigrante portuguesa, como explica o facto desta sala de espetáculos em França estar esgotada para este estilo de música?
Mariana Correia (MC) : Eu, quando canto, não faço diferença entre o público, se é português ou estrangeiro, apenas canto. Se estou em ambiente português além de cantar falo em português, se estou em ambiente estrangeiro falo na língua de origem do cantão onde sou residente, neste caso em francês. Consoante o convite que se recebe mas há muito que canto não só para a nossa comunidade, diria mesmo que nos últimos dez anos tornam-se raros os convites que recebemos da nossa gente.
(AL): Além de cantares também colaboras numa rádio em Genebra, não é assim ?
(MC) : Sim, é verdade. A minha função é divulgar o fado, os seus autores, compositores, os que o cantam. Divulgar e promover. O convite surgiu da parte da responsável da emissão Cristina Rodrigues, há 6 anos que existe e é à Terça-feira no Portugalidades, através das ondas da Rádio Cité Genève no 92.02. Também pode ser ouvido pela internet em www.radiocite.ch , 1 hora em português e em directo, de segunda a sexta, das 19h00 -20h00M ; adoro colaborar neste sentido de partilha da minha paixão.
(AL): No fim da tua atuação anunciaste ao público que este seria o teu último espetáculo na Suiça e cidades limitrofes, o que te emocionou imenso, assim como ao público. Quais os projetos para o futuro ?
(MC): Sim, é verdade e foi por isso que me emocionei. A vida, tal como o fado são uma eterna aprendizagem, ou não fosse o fado vida que, se canta em versos musicados... chegou a hora de virar a esta página da vida em terras helvéticas e viver o dia a dia sem depender do nosso trabalho,aqui na Suíça, de modo que vamos para o país das nossas origens, ver crescer os netos, estar com a família mais tempo que aquele que só as idas de férias nos permitia, e provavelmente, continuar a cantar fados, de vez em quando. Por agora é assim depois se verá no dia-a-dia, se a saúde permitir. Muito grata a todos, sem excepção, e votos de muita saúde, sejam todos muito felizes !