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O projeto literário “Estórias do meu país inventado” é um conjunto de cinco estórias infanto-juvenis que serão materializadas em cinco livros ilustrados.
As estórias têm a sua génese nas ilhas de Cabo Verde e nas suas realidades socioculturais, transfigurando uma prática insular num arquétipo dos comportamentos humanos, onde a realidade gera o concreto e o abstrato, criando a conexão entre a vida e os sonhos.
Uma vez que a literatura infantil não é só para crianças, as ”Estórias do meu país inventado” são contos infanto-juvenis escritos também a pensar nos adultos. Assim, os textos são narrativas conceptuais e poéticas, que, com as ilustrações, fornecem ao adulto as ferramentas necessárias para contar às crianças as estórias, de acordo com as suas emoções e sensibilidade.
Fazem parte da equipa do projeto:
Autor: João Fonseca
Artistas Plásticos: Rabelarte – Sabino; Josefa; Fico; Tchecho; Steve
Contador de estórias: Valdir Brito
Imagem e comunicação: Inês Alvarinhas
Características do projeto:
“Estórias do meu país inventado” é um projeto que pretende explorar um conjunto variado de atividades artísticas e culturais.
Assim, a ilustração das estórias é da autoria dos artistas da Comunidade dos Rabelados de Espinho Branco, Rabelarte, e obedece à lógica de cinco estórias, cinco artistas. Estes artistas não são escolarizados, não dominam a língua portuguesa e repartem o seu quotidiano entre a agricultura, a pecuária e a construção civil, pelo que o trabalho da ilustração é fortemente marcado pela sua intervenção social e económica na comunidade.
A equipa do projeto pretende fazer da contação de estórias um momento de formação e intervenção educativa, visitando escolas do ensino pré-escolar e básico. A contação das estórias está ao encargo do autor do projeto e do ator Valdir Brito, que, após o lançamento do livro “As tartarugas também choram”, fizeram um périplo pelas escolas da cidade da Praia e da ilha de Santiago.
O trabalho dos artistas plásticos deu origem a um conjunto de exposições e de pinturas murais na ilha de Santiago.
Em suma, o projeto “Estórias do meu país inventado” pretende aproximar as pessoas da literatura, da pintura e da contação de estórias. É um processo simples de humanizar as artes e as pessoas.
Comunidade dos Rabelados de Espinho Branco
A origem dos Rabelados de Espinho Branco remonta ao ano de 1940 quando estes se insurgiram contra as novas práticas e rituais que a Igreja Católica introduziu em Cabo Verde. Os Rabelados rejeitaram as novas alterações e opuseram-se ao poder colonial e às regras vigentes.
À medida que aumentava a resistência e a repressão, o refúgio para as montanhas e para lugares de difícil acesso, provocou um isolamento que se perpetuou no tempo. Assim nasceu uma vida sem nada e no meio do nada.
Como dizia o falecido chefe da comunidade Agostinho Gomes, renegados é a expressão da nossa história: “Somos três vezes renegados. Primeiro fomos tirados à força do continente e não podemos voltar mais com as nossas mestiçagens. Desta mestiçagem somos filhos ilegítimos.
E desta ilegitimidade o inimigo conseguiu dividir-nos com a descriminação entre irmãos.”
Historicamente os Rabelados permanecem como um símbolo de resistência e espírito de independência.
Aldeia RabelArte
A Aldeia RabelArte foi construída ao longo dos 20 anos de convivência da artista plástica Misá com os Rabelados de Espinho Branco. A artista plástica considera a aldeia um dos mais bonitos quadros vivos da sua convivência com um povo que não trocou a bandeira da independência e que procurou proteger a autonomia da sua fé.
Foi este quadro vivo que levou Misá a realizar infraestruturas comunitárias, a promover a escolarização e a retomar o reenquadramento social da comunidade.
RabelArte é um traço que pinta a sensibilidade de cada artista e é um pitoresco que se agrega na beleza imaginativa de cada um. RabelArte é uma expressão de liberdade e independência no saber fazer. É uma diplomacia criativa onde tudo é história de espírito e libertação.
Resumo:
O projeto literário Estórias do meu país inventado é um conjunto de cinco estórias infanto-juvenis.
As estórias têm a sua génese nas ilhas de Cabo Verde e nas suas realidades socioculturais.
A ilustração das estórias é da autoria dos artistas da Comunidade dos Rabelados de Espinho Branco, Rabelarte, na ilha de Santiago.
A equipa do projeto pretende fazer da contação de estórias um momento de formação e intervenção educativa, visitando escolas do ensino pré-escolar e básico nas várias ilhas de Cabo Verde.