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10 - Crónica do Homem a Dias - O Homem Palimpsesto



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H.D., como sabemos foi criado sem pai. Joana, a mãe, sentiu-se insegura, nos anos 50 do século passado era difícil ser mãe solteira. A mulher ficava marcada com um ferrete que dizia: és uma desgraçada. Mas Joana foi capaz de sobreviver a isso, claro que as marcas ficaram lá. As feridas cicatrizam mas a pele não volta a ser a mesma. O rosto é o lado de fora da alma.

Depois de uma má recepção na aldeia, com o tempo, Joana acabou por se afirmar e tornou-se uma espécie de soberana da comunidade. Para isso contribui o facto de não ter voltado a viver com homens e à sensatez com que resolvia conflitos familiares e locais.

Herberto cresceu, pois, sem a figura do pai. Isso de alguma forma teria de ser estruturante no desenvolvimento da sua personalidade. Como dizia agora, cada um é uma história que está a ser escrita, muitas vezes por sinais que desconhecemos ou não sabemos interpretar. Assim, todos nos tornamos um palimpsesto vivo respirando memórias. E interpretando os sinais que os outros nos enviam de forma muito diversa. Todos conhecem a história do cão de Pavlov. Mas, na verdade, o que Pavlov queria dizer era que nos passos essenciais, os mecanismos essenciais da aprendizagem dos mecanismos básicos são semelhantes entre os humanos e os outros mamíferos. O resto são aprendizagens que se acomodam às anteriores. O tal palimpsesto. Um autor rasura, ou tenta rasurar, o que outro escreveu, para escrever o seu próprio texto. Assim, infinitamente… enquanto o tecido não se desfiar totalmente!

Herberto cresceu saudável de corpo e alma, como se dizia. Nas brincadeiras não era competitivo. Não tentava ser o primeiro em tudo. Só nas corridas que os meninos da aldeia organizavam ele se esforçava, ou a nadar na represa que a comunidade reconstruía todos os anos em maio, pois as enchentes do outono e inverno anterior a isso obrigava. Era muito curioso por tudo o que o seu radar captava, principalmente movimentos, movimentos de animais, ou o saltitar de uma pedra sobre a água, que ele aprendeu a fazer como ninguém.

Como era bom aluno na escola, a mãe achou por bem que ele seguisse estudos na Escola Industrial da Guarda. Herberto poderia ter futuro como funcionário público ou em algum escritório.

À entrada na Escola sofreu logo com as praxes, aquilo a que hoje se chama bullying. As palavras contêm toda a sua própria história, que no fundo é a história das comunidades que as criaram. Como toda a gente sabe, este conceito deriva do inglês bull (touro) – o que nos indica que:

- A violência está entranhada na sociedade inglesa. De facto, os ingleses foram colonizadores cruéis (mas também o foram os espanhóis – e palavra tourada cruenta está assim relacionada com a inglesa).  

- A cultura inglesa, recentemente, tomou consciência do facto e o começou a debater.

- Que outras culturas assimilaram este conceito, o que prova a força da penetração da cultura anglo-saxónica no mundo - cada vez mais aldeia global, como o definiu o sociólogo McLuan. Mas também que não tinham consciência do problema. E se não tinham conhecimento da doença era porque não a sentiam.

Em casa, Joana, muito antes dos psicólogos da educação, usava mensagens claras, procurava em diálogo aberto e franco evitar ambiguidades e confusões. Procurava não transmitir os seus medos ao filho, já bastava ele não ter conhecido o pai, procurava explicar e não impor, ser racional e construtiva.

Herberto passava a semana na Guarda e vinha passar os fins-de-semana e as férias com a mãe. Os primeiros anos no ensino secundário foram desastrosos. Morava num quarto sem janelas e sofria do referido bulliyng por parte dos mais velhos por ter modos e linguajar de aldeão. Portanto, chegava a casa da mãe ferido no corpo e na alma. Desmotivado, não queria regressar à escola. Então, Joana, aos domingos fazia a viagem com ele e voltava no mesmo dia. 

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Manuel Silva-Terra
Author: Manuel Silva-TerraEmail: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
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