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Ele está quase a chegar... Falo do "belo mês de Agosto"! O mês dos "emigras", dos "avec's"... Para mim... o mês dos reencontros! Grande parte dos emigrantes, senão a maioria anseia por este mês o ano todo. Nem todos têm a possibilidade de ir mais vezes por ano a Portugal, ou mesmo noutra altura sem ser Agosto, rever a família. Ou porque estão longe, ou pelas férias dos filhos, ou porque simplesmente preferem esta altura para estar naquele que será sempre o seu país à beira mar.
Este ano, acresceu um outro motivo para ser só o Verão a época dos carros de matrícula estrangeira invadirem Portugal, e este motivo tem sido tema para conversa na última metade do ano de 2020...
Não me refiro naturalmente às manifestações por conta da morte de um ser humano que trouxe à baila o tema racismo. Isso deixarei para outro texto!
Refiro-me naturalmente a um tema que parece que todos falam, mas que alguns se andam a esquecer.
Um vírus! Que andou (e ainda anda) por aí a infectar muito boa gente (e má – se bem que presumo ter sido em menor escala) e, ainda, tirou a vida a uns quantos. Mas como a maioria era de uma idade avantajada. Pouco foram os que fizeram caso ao assunto... Gripezinha falaram... Não sei se é bem essa a denominação que lhe deveremos dar, mas cada um lá saberá de si...
Nos países mais afectados naturalmente que não. Afligiram-se um bocadinho mais (ou vá, foram obrigados a isso). E agora livres e à solta, grande parte não quer saber mais disto para nada! Pelo menos não onde vivo. Bom, a boa notícia é que agora há stock de papel higiénico! Valha-nos isso! Mas bom já estou a divagar e não é isso que me traz aqui...
Como eu estava a dizer há um motivo a mais para ter impedido muitos portugueses de irem a casa durante o ano. Não houve a bela da Páscoa em em Portugal. E aoesar da enxurrada de manifestações ofensivas nas redes sociais aos emigrantes, numa forma de evitar que estes tentassem ir a Portugal nesta época festiva, foram os portugueses residentes a serem criticados, por andarem aos beijinhos à cruz.. A sério?? Sempre pensei que isso era nojento, quanto mais em época de pandemia... Anyway!
E agora chegam as férias de verão. E é aqui que começa o dilema!...
Ir ou não ir, eis a questão!
Já passaram tantos meses, quase um ano, bom para alguns seja porque motivo for, já são anos. E a saudade aperta. Uns portugueses estão preocupados com o regresso dos emigrantes. Receiam que eles levem mais COVID-19 com eles na mala do carro.
Até pode ser. Mas acredito que a maior parte dessas pessoas que tem esse tipo de mentalidade, são os que pegam no carro em dias de feriado e fazem fila rumo ao Algarve nas auto estradas de Portugal. Há os que necessitam que emigrantes e turistas regressem lentamente para que os seus negócios se possam aguentar nesta época económica de dificuldades, que se começa lentamente a manifestar...
Depois há os que têm um certo receio, mas têm muitas saudades dos familiares que vêem todos os anos chegar e tão depressa como chegam, de novo em poucas semanas desaparecem... Que têm saudades dos pais, filhos, netos, bisnetos, sobrinhos, primos, amigos, tios...
E anseiam pelo regresso e pela decisão dos que emigraram e que não sabem se viajarão rumo aos seus, ou por precaução ficarão de férias no país que vivem o tempo todo.
Eu tenho férias de verão. Sempre em Julho e Agosto. Este ano tenho na mesma. Mas faço parte do grupo dos indecisos. Aqueles indecisos que pensam, em princípio sim. Mas se a coisa piorar até meio de Julho, ou se vir que vou pôr em perigo os que por si só já fazem parte do grupo de risco... fico-me por cá.
Vontade de ir? Muita. Não acredito que vá infectar ninguém. Nem acho que serei infectada. Mas posso garantir? Não. Daí a indecisão.
Gosto muito de Portugal. O cheiro do mar e aquela brisa no rosto. Mas praia este ano também não deve ser fácil. E eu adoro praia...
Gosto muito da comida... Humm pastel de nata com uma bica, leitão com batata frita e laranjas doces maravilhosas e um bom vinho ou uma taça de espumante, a preços decentes (em que não necessito vender um rim para comprar)... e da liberdade do meu país. Gosto de estar com os meus amigos e família. Mas este ano não há liberdade. Ir ao supermercado e aos restaurantes apresenta-se como uma aventura no mundo do Tim-Tim... E as visitas e reencontros serão estranhas. Sem abraços e de máscara e com distância e receio...
Gosto pouco de ficar na Suíça de férias. Mas este ano se assim for terei de encarar as coisas de outra forma.
Seja como for, caso decida ir, de avião não de certeza. Não me apetece muito arriscar estar tão perto das pessoas. Além de que as viagens continuam estupidamente caras.
Mas não se preocupem. Não irei numa bomba, não há dinheiro para tudo, mas bem que gostava. A viagem seria mais segura. O meu SUV chega lá na mesma! E não irá carregado de lantejoulas, mas se levar algumas não chateia ninguém. Se for não irei falar francês. Aqui fala-se alemão e até sou capaz de no meio da conversa ter dificuldade para me lembrar de algumas palavras. E se for? Isso não deveria importar. Mas acredito que nem isso o vírus conseguiu ensinar. Nas redes sociais continuam todos a criticar os emigrantes. Como se fossemos nós que tivéssemos originado o vírus. Como se os portugueses residentes não andassem lá em Portugal a fazer asneiras. Como se nós que estamos fora fôssemos responsáveis pelos números que não pararam ainda de aumentar (Lisboa, que é dos sítios de onde se deve emigrar menos, é um bom sinal disso)... “Mais bon”
Ir de carro para ficar duas semanas só na terrinha... serão umas férias não propriamente das mais fixes... mas ao menos estamos perto dos que amamos... de máscara e com dois metros de distância. Mas estaremos..
Por esta altura o ano passado já estaria a fazer listas do que tinha de levar e do queria trazer depois. Agora... agora passo o tempo a ver as notícias para saber o que decidir.
O que será, como fazer?
Ir ou não ir, eis a questão!