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A célebre frase que engana o desespero parece que veio para ficar. Pelos vistos fica muito bonito passar a mensagem que o foco que dedicamos a alguma coisa, ou o “pensamento positivo” com que enfrentamos a vida, são a chave para uma vida de sucesso, ou, pelo menos, o caminho para a concretização dos nossos sonhos. Na verdade, isso tem enchido os bolsos de vários seres humanos sem problemas nenhuns em aumentar falsas espectativas. Pior! Alimentam a ingenuidade das crianças que se desenvolvem adultos incapazes de lidar com as adversidades da vida. É que perder quando não se trabalha é fácil de compreender, mas quando se perde mesmo tendo dado o nosso melhor é difícil de aceitar resultando geralmente em: depressão, apatia, desistência, perda de rumo, etc.
Infelizmente isto é um problema transversal a diferentes áreas. Na escola cultiva-se a ideia de que basta estudar para ter boas notas. Nos ginásios vendem-se treinos milagrosos que prometem o corpo de verão para todo e qualquer ser humano, inclusive aqueles que não se privam de comer ou beber sem filtros. No desporto de alta competição é frequente uma equipa mediana derrotar um colosso, e na jornada seguinte perder com uma equipa do fundo da tabela. Será que ninguém para pensar: “e se, afinal, não é bem assim?”.
O nosso quotidiano está repleto de contrariedades. Por vezes, temos sucesso sem perceber muito bem o que fizemos para o atingir o nosso objetivo. Outras vezes planeamos, organizamos, respeitamos e concretizamos, mas mesmo assim não conseguimos o que queremos. Na verdade, isto é muito mais complexo e depende de muitas coisas que não controlamos.
Não quero com isto dizer que mais vale ficar sentado à espera da morte. Bem pelo contrário. Já que esse desfecho é certo, enquanto puder vou tentar ter as práticas que aumentam a probabilidade de concretizar os meus desejos. Não escolho incensos, alinhamentos esotéricos ou crenças em seres hipotéticos para me ajudarem. Prefiro antes adotar os comportamentos que através da lógica me fazem compreender que fazem sentido, precisamente no sentido do que quero atingir. Se quero ter boas notas é necessário estar atento na maioria das aulas e estudar regularmente. Se quero um corpo de capa de revista tenho que treinar bem e comer ainda melhor. Se quero ser campeão tenho que derrotar as equipas do “meu campeonato”.
Mesmo assim, com todo este cuidado, é preciso aceitar que o sucesso não é garantido e poderei não ter a hipótese de controlar algumas “peças da engrenagem” que podem comprometer o resultado final. Se isso acontecer não há magia nenhuma, é continuar a tentar, por vezes com a mesma estratégia, outra vezes alterando algumas coisas.
Leandro Karnal proferiu uma frase muito interessante: “Sorte é o nome que o vagabundo dá ao esforço que ele não faz!”. Compreendo que o filósofo brasileiro se referia à facilidade com que os invejosos teimam em rebaixar o trabalho de quem tem sucesso. Por outro lado, defendo que o esforço por si só poderá não trazer o sucesso. Quando assim é, mais vale continuar a tentar enquanto houver certeza que queremos esse mesmo objetivo.
Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades