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No âmbito de convites recebidos, o Club de Gastronomia participou no passado Sábado num interessante convívio de Merenda de Lavrador, organizado pela Casa da Cuca, na freguesia de Moreira de Lima.
O anfitrião, Carlos Amorim, antigo professor da Escola Técnica de Ponte de Lima, e seu genro Rúben, foram os coordenadores do evento ao longo das suas três horas…
A latada da casta loureiro, essa preciosidade do lavrador minhoto, limiano, que produz o tal branco da Ribeira Lima, foi o cenário para degustação!
Na mesa, a antiga alimentação quotidiana em tempo de faina agrícola dos trabalhadores . Entre tachos, panelas e quejandos recipientes de barro, eis uma mostra: barriguinhas, entrecosto, costela de porco, e rojões do dito bicho; pastéis e pataniscas de bacalhau; chouriça de carne e outra, dita sanguínea ou do Sarrabulho, para além de mais componentes de carne suína, confecionada pelas hábeis senhoras de cozinha da Casa da Cuca! Ainda de entretém, a broa de milho, cacete ou bôla de farinha. Depois, a rematar o presigo como designam pelo Douro, uns doces de romaria, designadamente o de gema ou branco (ou da Páscoa para receber o abade, em tempos idos), Pão de Ló húmido, da tradição de Ovar, coquinhos… E, para molhar tudo isto e aquilo, o vinho produzido nos 5 hectares da Cuca: branco loureiro e tinto vinhão!
Era assim que se pagava antigamente o jornal: uma refeição leve, moderada, em casa de lavrador de classe média, a par de umas moedas!
O Prof. Carlos Amorim desejou assim recordar Outros Tempos da agricultura limiana, com um grupo de amigos, os quais nem todos se retrataram para memória futura, pois compromissos ditaram a sua ausência antes do encerramento! Mas, recordemos, que a equipa integrava apreciadores de enogastronomia residentes no concelho (Arcozelo, Ponte de Lima, Fornelos e Facha), e outros com actividade profissional no Porto e Penafiel.
Conversa entre conversas, sucedâneas, o sucesso do projecto Cuca agroturismo, pois momentos antes, a integração de Portugal no corredor aéreo do Reino Unido fez aumentar a procura de reservas para descanso, ou para os súbitos de Sua majestade participarem nas vindimas que se aproximam, como aconteceu o ano passado, assevera Carlos Amorim. E, se receber visitantes é motivo de alegria por Moreira de Lima, o néctar precioso de seus solos, (numa liderança técnica e de marketing do jovem promissor na arte, o júnior e fisioterapeuta José Carlos Amorim), vai ser homenageado pelo seu grande promotor quão interessado foi no divulgar dos segredos ou saberes: o agrónomo Manuel do Carmo Rodrigues de Moraes (1845 – 1909), que por autorização do rei D. Carlos, abriu em 4 de Setembro de 1892 na sua quinta das Cruzes na freguesia, a Escola Prática de Agricultura de Ponte de Lima, donde saíram lavradores, capatazes ou feitores que engrandeceram ou incentivaram o cultivo do vinho branco e casta caínho de Moreira de Lima.