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Em tempos de Páscoa e de fabrico do seu principal doce, resolvemos divulgar hoje alguma pesquisa efectuada sobre a origem do nome do omnipresente doce na mesa de Domingo próximo. Trata-de de um rascunho já com bom par de anos, pois destinava-se ao Guião de um Cortejo Histórico de Felgueiras, a convite do município local.
Em documentação antiga, a designação do produto regional é pão doce, mas em publicações de há mais de duzentos anos, já surge com o nome de Pão de Ló. Por exemplo no ano de 1826 foi editada em Lisboa a quinta edição do livro – Cozinheiro Moderno ou Nova Arte de Cozinha, Onde se ensina pelo Método Mais Fácil, …, da autoria de Luis Rigaud. Na página 316 daquela publicação, é divulgada a receita do doce, também chamado Pão de Sabóia, mas esse estudo clássico da gastronomia portuguesa, faz referência a outros ícones, como os presuntos de Lamego e Melgaço.
Cerca de cem anos depois, a razão do nome é novamente debatida pelo filólogo vianense Cláudio Basto (1886 – 1945) na revista LUSA editada entre 1917 – 1924 (Ano III, números 50 e 51), com sede na capital do Alto Minho. O autor também do “Traje á Vianesa”, lançado em 1930, vincula a sua origem na fabricante Leonor Rosa da Silva, de Margaride, Felgueiras, vendedora do seu famoso Pão de Ló em feiras, onde era conhecida pela – Ló – para amigos e familiares, daí o Pão (da) Ló, e depois o nome Pão de Ló, defende o autor. Contudo, já desde o ano de 1730 que há referências ao fabrico do doce por uma tal Clara Maria, mas seria com a Leonor, sabemos que falecida antes de 1905, que a comercialização ganhou fama, as instalações foram melhoradas e a Casa Real distingui-la-ia em 1888 como sua fornecedora, tendo os reis D. Luis I e D. Carlos como apreciadores do seu doce de Páscoa!
No seguimento da descoberta da designação oficial do produto, também o escritor limiano Conde de Aurora (1896 – 1969), meio século mais tarde, voltaria ao assunto.
O fidalgo das letras regionais, fundamentou a sua opinião que seria “o nome da sua criadora, o diminuitivo de aquela Leonor Rosa da Silva, de Margaride, a Ló, a Lozinha “a razão par designar o doce português, felgueirense. (Gazeta das Aldeias, Mirante, número 2487, de 16 de Janeiro de 1963).