Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!
A Comissão Europeia garante estar atenta à crise de habitação em Portugal, sobretudo em Lisboa, mas destaca as medidas para amortecer o impacto das taxas de juro nos empréstimos, que a seu ver não serão afetadas pela crise política.
“Eu tenho plena consciência da importância do assunto [crise da habitação] em Portugal, e em Lisboa em particular, e penso que também as iniciativas tomadas pelo Governo se justificam por essa razão”, disse o comissário europeu da Economia.
Em entrevista à agência Lusa em Bruxelas, no dia em que o executivo comunitário divulgou as previsões económicas de outono - que assinalam que os preços das casas mais do que duplicaram na última década em Portugal e continuam a subir -, Paolo Gentiloni indicou que “claro que esta é uma das componentes que é muito importante observar”.
“Sabemos que há iniciativas adotadas pelos governos, especialmente sobre as hipotecas variáveis [no crédito à habitação] para fazer face aos custos de habitação, [mas] a tendência [de subida de preços] ainda se mantém nalguns países”, acrescentou.
Em causa estão medidas adotadas pelo executivo relativas ao crédito à habitação para mitigar o impacto da subida das taxas de juros nas contas das famílias.
Questionado se a crise política em curso no país poderia afetar estas iniciativas de apoio às famílias, Paolo Gentiloni indicou “não o esperar”.
“Claro que as crises políticas afetam, em geral, os processos, mas pelo que percebi o Presidente português [Marcelo Rebelo de Sousa] também decidiu convocar as eleições tendo em consideração a necessidade de aprovar o Orçamento” do Estado para 2024, concluiu o responsável italiano.
Os preços das casas mais do que duplicaram, desde 2010, em Portugal e outros oito Estados-membros da União Europeia (UE), devendo continuar a crescer no território português, apesar do “arrefecimento” no imobiliário europeu, revelou hoje a Comissão Europeia.
Num capítulo dedicado à crise da habitação nas previsões económicas de outono, hoje divulgadas, Bruxelas assinala que “os mercados imobiliários europeus têm vindo a arrefecer desde meados de 2022, a par do abrandamento significativo dos níveis de crédito”, dada a apertada política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
Ainda assim, apesar de em vários Estados-membros os preços das casas terem já atingido o pico, logo no segundo trimestre de 2022, “o crescimento constante dos preços continua na Bulgária, Croácia, Grécia, Portugal e Eslovénia”, adianta Bruxelas.
O executivo comunitário conclui que, ao nível da UE, “no futuro, as restrições à capacidade de contração de empréstimos das famílias sugerem que os preços da habitação permanecerão sob pressão nos próximos trimestres, antes de retomarem o crescimento”.
Para atingir o objetivo de 2% de inflação fixado para a estabilidade dos preços, o BCE tem vindo a fazer sucessivos aumentos das taxas de juro, entretanto estabilizados em níveis altos.
Esta situação afeta, principalmente, países com uma percentagem considerável de crédito à habitação a taxa variável, como Portugal.
Ainda assim, nas previsões económicas, a Comissão Europeia refere que “o aumento das despesas com juros foi insignificante na Polónia e em Portugal, apesar da prevalência de hipotecas de taxa variável, devido a medidas governamentais de redução das taxas de juro que limitaram o aumento das despesas com juros”.