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O investimento estrangeiro, o alojamento local, o alojamento universitário, a carga fiscal, os baixos salários, os vistos Gold e os nómadas digitais vieram agitar o mercado imobiliário em Portugal.
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As casas em Portugal são caras para os portugueses.
Portugal entrou no radar dos investidores mundiais devido ao crescimento do turismo, aos incentivos dos vistos gold e ao facto de ser conhecido como um dos países mais tranquilos e seguros para viver. A ajudar, a área média das casas é maior do que no resto da Europa.
Se todos os países na Europa têm programas de captação de investimento estrangeiro, então porque escolheram Portugal?
Um apartamento T1 na Avenida da Liberdade em Lisboa pode valer 5.000 ou 6.000 eur de aluguer mensal.
O turismo traz alojamento local, o turista torna-se comprador e torna-se residente.
De acordo com a Pordata, os eventos à escala mundial como o Web Summit (https://websummit.com) atraem todos os anos cerca de 30.000 empreendedores de tecnologia e startups de todo o mundo. Parte desses empreendedores apaixona-se por Portugal e fica.
Os nómadas digitais, provenientes essencialmente dos EUA, Brasil e Reino Unido, com salários acima dos 3.000 eur e com incentivos fiscais como IRS de 20%, beneficiando do regime de Residentes Não Habituais (RNH), encontram bons motivos para se fixarem em Portugal. Ao fim de 5 anos podem obter uma autorização de residência permanente.
Enquanto os portugueses não veem futuro em Portugal, devido aos seus baixos salários e dificuldades no acesso ao crédito à habitação, os estrangeiros apaixonam-se pela nossa terra e mudam-se para cá, porque têm poder financeiro.
Compradores de 60 a 70 nacionalidades estão a investir em Lisboa, através de fundos de investimento, clientes investidores e estrangeiros que querem mudar-se para Portugal. A estes, o governo oferece incentivos fiscais para os estrangeiros se fixarem em Portugal através do RNH.
Claro que se fosse expurgado o efeito do turismo, do alojamento local e do investimento estrangeiro, os centros históricos continuariam degradados e desvalorizados.
Esta procura inflacionada localiza-se em Lisboa, Porto e Algarve. Braga esgotou as casas disponíveis.
De 2015 a 2022 o preço das casas aumentou 90% em Portugal, ou seja, quase duplicou e apenas aumentou 48% na UE, mas os salários médios mantiveram-se em Portugal e na UE conforme dados da Pordata.
Quer dizer que os portugueses perderam poder de aquisição da sua primeira casa em Portugal e os estrangeiros continuam a achar uma oportunidade de investimento, apesar dos preços terem praticamente duplicado entre 2015 e 2022.
A segurança e a paz de espírito oferecidas em Portugal são motivos para os estrangeiros se fixarem em vários pontos de Portugal, fora dos grandes centros, tal como Algarve ou Moledo do Minho, sem olharem para a qualidade dos imóveis.
De acordo com dados da Pordata, em 1960 havia 29 mil estrangeiros a residir em Portugal, em 2021 são 542 mil.
Os vistos gold atraíram investimento para Portugal mas também contribuíram para inflacionar o mercado imobiliário, sobretudo através do aumento da procura de imóveis de luxo.
A oferta de casas não tem conseguido superar a procura pelos estrangeiros e portugueses e a tendência parece ser encontrar cada vez menos casas à venda. Até agora só o imobiliário de luxo é que tem sido viável em Portugal e grande parte dessa oferta destina-se ao investimento estrangeiro.
Os jovens portugueses são os mais penalizados quando vão procurar a primeira casa, pois os seus salários são baixos, o preço das casas é elevado e as taxas de juros são altas. Por outro lado, há cada vez menos casas para arrendar.
A chegada do investimento estrangeiro ao mercado imobiliário português criou uma pressão na procura de casas, provocando a subida das rendas e a subida da taxa de juro.
Pode dizer-se que veio mesmo transformar as cidades e dinamizar a economia portuguesa através da construção civil, da criação de postos de trabalho e do aumento da receita fiscal.
Viver na periferia das grandes cidades seria uma ideia interessante se houvesse boas infraestruturas de ligação.
Por outro lado, a oferta de alojamento para universitários foi ocupada pelo turismo. Assim o ensino superior tem 108 mil alunos deslocados e só tem 27 mil camas disponíveis, o que torna num inferno a procura de quarto para estudar.
Este país não é para portugueses.