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Haja lugar, no âmbito destes Apontamentos, a uma recomendação dirigida às autoridades municipais de Braga.
Subida objeção me merece o que vai dito em brochuras turísticas e noutros escritos que elevam o complexo da Arcada, na Praça da República, a ex‑líbris da cidade dos arcebispos. Ele congloba a Igreja da Lapa e, em cada um dos seus flancos, um corpo retangular. Os dois blocos laterais puxam a composição para o horizontalismo.
Do combinado de edifícios destaca‑se o frontispício da igreja, de cantaria de granito e ritmado por pilastras. A arcaria existente no piso térreo dessa casa de Deus prolonga‑se naqueloutras dos corpos laterais. Estes, por seu turno, apresentam no andar superior revestimento de azulejos e janelas de sacada corrida. A Igreja da Lapa leva como remate uma empena de rasgo ondulado, vincado por cornija atrás da qual preponderam, assentes em plintos, urnas com fogaréus; no vértice da empena há uma cruz, também ela colocada em plinto. Já os imóveis que ladeiam o templo fecham com platibanda de pedra.
O observador que esteja defronte da Arcada verá ainda o topo da torre sineira, que se acha na parte posterior da igreja e foi erguida num cubelo do antigo castelo, e notará os matacães que sobrenadam numa torre de menagem.
A Igreja da Lapa tem uma só nave. Eis a estória que ditou a sua edificação: em 1757, Ângelo de Sequeira, padre brasileiro, pregava no local. Ali gerou grande devoção a Nossa Senhora da Lapa e despertou vontades de erigir obra em seu honor. Foi então construída uma igreja, consagrada em 1767 e por alguns atribuída ao risco de André Soares. Hoje, ela é frequentada por membros da comunidade ortodoxa ucraniana de Braga.
Interrogar‑se‑á o leitor acerca das causas da minha glosa. Por si mesmo, o conjunto da Arcada não mancha a reputação estética e artística da cidade. Todavia, a profusão de guarda‑sóis, mesas e outros artefactos das esplanadas retira quase toda a graça ao local. O quadro é feio, ponto. E pior fica — pelo menos, ficava quando ali passámos — sem água na fonte da Praça da República. Sei que a zona é palco privilegiado de convívio e que um dos estaminés do piso térreo, o Café Vianna, é sítio de tradição. Mas lastimo que uma terra com a divícia patrimonial de Braga considere tal agregado de edifícios como o seu ex‑líbris. Para o efeito, seria melhor chamar a sé ou mesmo o estádio, tão bonito e badalado ele é.