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Desde miúdo senti a necessidade e o direito de partilhar a minha opinião sobre as coisas. O que é curioso é que a razão pela qual era, na altura, repreendido pelos adultos, é precisamente aquela que me faz começar esta parceria com o Luso.eu: “dar” a minha opinião.
Parece-me que a sinceridade não é necessariamente positiva caso ofenda alguém. Por isso, prometo que aplicarei estratégias polidas que, entretanto, adquiri e desejo não chocar ninguém. Por mais persuasivo que possa ser, respeito diferentes pontos de vista e estou consciente dos limites do meu conhecimento, e consequentemente do início da minha ignorância ou da relatividade de alguns factos.
Ora, é precisamente esta relatividade que me reporta a um contexto de humildade perante o conhecimento ou a falta dele. Ao analisar a etimologia da palavra “opinião” descobri que deriva do latim 'opinĭōne', que significa “conjetura, crença, ideia, representação”. Com o famoso neurocientista português António Damásio, aprendi que a perceção que temos do mundo deriva de representações cerebrais construídas através da interpretação dos factos. Por isso, a interpretação daquilo que vemos e sentimos é bastante falível, logo a nossa opinião também o é.
Então como podemos aprimorar e viabilizar o processo opinativo? A meu ver, acrescentando conteúdo com informação. No fundo, considero a educação a melhor forma de melhorar a qualidade das nossas opiniões. Ler, ouvir, ver e refletir é importante! Mais conhecimento abre um espectro de relações possíveis entre os factos, que nos ajudam a ter uma abordagem mais cautelosa quando construímos um juízo de valor relativamente a algo. Espinosa, grande filósofo neerlandês descendente de portugueses, já se havia apercebido disto no século XVII.
Outra questão que considero importante é a possibilidade de “dar” a nossa opinião. Partilha-la de forma genuína, mas, primeiramente, com o intuito de melhorar algo ou alguém. Vejo esta possibilidade como: (1) um direito responsabilizável; (2) um dever cívico. Passo a explicar. (1) Considero importante que, mesmo sendo uma opinião, temos a responsabilidade de a fundamentar com factos o mais imparcialmente possível, tendo em conta que, hoje em dia, a informação (e desinformação também) viajam quase mais rápido do que a luz. Acredito que os líderes de opinião devem seguir o princípio de caute (cautela), que Espinosa enfatizava, para não condicionar as populações mais suscetíveis. (2) Considero ainda que quem tem conhecimento, e o sabe “popularizar” com linguagem acessível, tem o dever de o fazer, pois, todos devemos contribuir de alguma forma para o avanço da nossa sociedade com conteúdos pertinentes.
Sou totalmente a favor da liberdade de expressão ou não faria sentido sequer a palavra “liberdade”. Porém, considero importante que a disseminação dessas opiniões em redes sociais seja seletiva segundo padrões de qualidade - não de julgamento do conteúdo, mas de fundamentação da lógica elementar (origem na filosofia).
Então sim, depois de aceder à informação disponível, bem como ao ponto de vista de um autor, “cada cabeça sua sentença”.