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400 ANOS DE AMIZADE PONTE DE LIMA – ANTUÉRPIA
O MERCADOR GUILHERME DE CAMPENER
No âmbito de algumas pesquisas em curso sobre o Alto Minho, designadamente de Ponte de Lima, reencontramos algumas notas relativas a uma família de Antuérpia, enriquecida no comércio através do porto de Viana do Castelo.
O negócio de açúcar com o nordeste brasileiro era o principal produto negociado, do qual resultou uma intervenção social e financeira relevante na cidade e região.
Assim, divulgamos aos nossos amigos leitores, a informação reunida à data de hoje.
Entre os membros da família originária da Flandres, aliada aos holandeses Logier, destacou-se Guilherme de Campener (Logier), filho de Jean Kampener Logier e Cornelia Vitz.
Guilherme estabeleceu-se em Viana antes de 1637, de acordo com transacções comerciais registadas nos livros da extinta alfândega local. Para além de despachos de mercadorias, era também co - proprietário de navios mercantes, uma prática corrente com a nobreza filipina.
No ano seguinte, contraiu matrimónio com Francisca de Abreu de Lima, proprietária da quinta do Barco, em Vitorino das Donas, concelho de Ponte de Lima. Entre seus filhos, enumeremos Luísa de Lima, nascida em 1645, casada com Manuel Coutinho Pereira, nobilitado Moço Fidalgo da Casa Real por alvará de 16 de Outubro de 1691, e João de Abreu de Lima Logier, nascido em 1660.
A actividade mercantil do patriarca foi preponderante para justificar o seu trajecto biográfico até à sua morte, ocorrida em1656.
No ano de 1647 lanço a obra de construção de capela privativa no antigo convento do Carmo, da Ordem dos Carmelitas Descalços, em Viana do Castelo. O templozinho, dedicado ao Santo Cristo estava concluído em 1651, pois nessa data, por escritura de uma dúzia de páginas, lavrada a 6 de Outubro e guardada no arquivo de seus descendentes, foi ratificado o contrato com Fr. José de Santa Teresa e outros religiosos, sobre a venda e local onde construiu sua capela.
O enriquecimento comercial do empresário vindo da Flandres prosseguirá, traduzindo-se em novos investimentos, desta vez em Ponte de Lima.
Por escritura de 3 de Fevereiro de 1657 Guilherme e Francisca instituem o vínculo da Quinta ou Morgado do Barco, futuro Paço de Vitorino das Donas, construção solarenga de referência no norte de Portugal, desde há alguns meses transformado em hotel rural.
Recordamos assim, por ligeiras notas, um empreendedor e uma época que abriu relações amigas e comerciais entre a Europa e o outro lado do Atlântico, com a intervenção da poderosa Flandres, território de origem de Guilherme de Campener Logier, um nome a associar nos estudos sobre a comunidade luso – portuguesa de outros tempos.