Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!
Trata-se de uma designação popular atribuída pela juventude a uma bebida caseira, à base de aguardente ou bagaço com mel, consumida em grande quantidade na noite de hoje e amanhã, no decorrer da romaria de S. João d´Arga, concelho de Caminha.
É um dos atractivos para participar naquela que é ainda hoje uma das mais genuínas romarias do norte de Portugal, quiçá mesmo do país, pela sua antiguidade e tradições envoltas em Fé e convívios enogastronómicos.
Os romeiros ou turistas são oriundos principalmente de Caminha, Viana do Castelo e Ponte de Lima, mas com o advento do automóvel e estrada de acesso, a sua afluência alargou-se nos últimos vinte anos um pouco a toda a região, e até da Galiza.
A origem da festa perde-se nos tempos, talvez já com uns quatrocentos anos, pois o templo primitivo remonta á Idade Média, ou anterior, ainda com vestígios de construção românica, com reformas posteriores com a inclusão da fachada setecentista. Há quem atribua o primeiro santuário de S. João d´Arga a uma fundação de frades beneditinos, que por aquele lugar ermo se fixaram envoltos na Fé e penitência.
Um documento de 1758 elaborado pelo pároco informa que “ a ermida de S. João de Arga, frequentada de muita romagem de muitas partes do Reino “, o que justifica a existência dos quartéis, construções paralelas á capela, para pernoita de peregrinos e ambulantes, edifícios recuperados nos últimos anos pela confraria.
O dia principal da festividade é a noite de hoje, 28 de Agosto, com a chegada de peregrinos, forasteiros, turistas ou caminhantes, até quase podemos chamar alguns de foliões, tal é a motivação que os ocupa a tal ocupação noturna, madrugada fóra!
De acordo com gerações de fiéis, o cumprimento de promessas é o pagamento de males de verrugas, quistos, doenças de pele, principalmente, com oferta de ex-votos de cera, dinheiro e voltas ao templo. Estas têm de ser em número de três, e há os que sublinham a tradição de dar duas esmolas: uma ao S. João e outra ao diabo!
Como tradição, romaria ou festa religiosa, encontro de amigos e familiares, ou de folclore, o certo é que S. João de Arga transformou-se numa rota de Turismo, Religioso, cíclico e pretendido, desde a juventude e mais avançados na idade, com chiripiti como “obrigação”, local de campismo e de degustação de farnéis, petiscos locais, como a broa, presunto, cabrito e bacalhau frito, e vinho do bô (m), e das modernices, desnecessárias algumas, com tendas de bugigangas e enfeites ou adornos para roupa e casa, brinquedos infantis, também por lá proliferam…
Da sua autenticidade em outros tempos, recordamos o filme produzido em 1970 pelo Instituto de Gottingen, Alemanha intitulado Kirchfest “ Romaria “ von S. João de Arga (Minho) importante documentário desse património imaterial.
Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades