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4 nomes, 4 rostos, 4 ideologias … mas, só um chegará à cadeira que permitirá dirigir os destinos do concelho de Caminha durante os próximos 4 anos.
O Luso.eu interpelou os 4 candidatos nesta corrida, mas Miguel Alves, candidato pelo PS, e Rui Seixo, candidato pela CDU, não responderam. A nossa proposta foi de interpelar todos com as mesmas questões.
Será no dia 26 de Setembro que a população do concelho de Caminha irá às urnas decidir e eleger quem assumirá os destinos do concelho nos próximos 4 anos.
Hoje a nossa primeira entrevista editada é com o candidato do Bloco de Esquerda, Luís Sotto Braga.
É professor, é optimista, e sonhador, é tímido, um apaixonado por história e tem fortes raízes a Vila Praia de Âncora e ao concelho de Caminha … Ele é Luís Sotto Maior Braga o candidato nas próximas eleições autárquicas à câmara municipal de Caminha pelo Bloco de Esquerda.
As suas ligações a este concelho não passam somente por verões e deixou o recado: “como alguns maldosos, que acham saber muito da vida privada de quem não conhecem bem, insinuam). O bairrismo cego”.
Luís Sotto Braga recordou um dos momentos importantes da sua vida e como um local no concelho o ajudou a superar de um acidente. Nesta conversa também deixou alguns apontamentos como seria a sua liderança na autarquia caminhense.
Luso.eu: - Em 3 linhas diga … eu sou?
Luís Sotto Braga: Todos nós somos um feixe entrançado de realidades pessoais que não se limitam a uma face. Eu sou um cidadão ativo e empenhado na comunidade, que acha que participar na vida comum é um dever. Sou professor e acredito na mudança que a educação traz. Sou um otimista tolerante, que acredita no futuro do país e na melhoria da Humanidade, porque esse é o sentido da História, que é uma das minhas paixões.
LE: O meu grande defeito é? Mas, a minha maior virtude é?
LSB: O meu grande defeito, agravado pela timidez, que não corrigi totalmente, é acreditar na racionalidade de uma forma que, muitas vezes, é mal vista e considerada antiquada, num mundo dominado por emoções excessivas. A maior virtude é, por outro lado, acreditar na justiça pela via do pensamento igualitário e não só da emoção.
LE: - Caminha é ...? O que representa a vila e o concelho para si?
LSB:O concelho de Caminha é um território onde trabalhei e vivi e a que me ligam muito fortes relações familiares.
Em bom rigor, posso encontrar antepassados meus, de há centenas de anos, ligados ao Concelho, em especial, à Vila de Caminha e muito particularmente a Vila Praia de Âncora. Mas não vou maçar com detalhes dessas histórias antigas de antepassados vetustos. Indo há 120 anos atrás, a minha bisavó foi professora em Vila Praia de Âncora, desde o início do século XX ate se reformar, nos anos 60 e, há décadas, a população e a autarquia honraram-na com uma referência na toponímia. Acho que é uma bela homenagem a qualquer professor (que é tão ou mais construtor das comunidades, que muitos outros, a quem a honra de nome de rua é mais frequente). Chamava-se Amélia Sottomayor Braga, como a minha mãe. Um dos seus filhos foi o meu avô (Asdrúbal), irmão de uma outra professora no Concelho, minha tia, que toda a gente conhecia por Mimi (Maria da Anunciação). Os 5 filhos da minha bisavó mantiveram-se fortemente ligados a VPA. Um deles, Gaspar, foi dentista aí durante décadas e o outro Manuel (Neca) regressou depois da descolonização, à terra onde viveu até morrer nos anos 90.
Eu nasci no Funchal, fruto das voltas da carreira docente da minha mãe, filha única, o que diminuiu muito o tamanho da família nessa geração. Ao regressar ao continente, em 1976, estou convencido que, se houvesse uma escola secundária em VPA, onde pudesse ser colocada, teria concorrido para ela. Assim, colocada em Viana, dividia o tempo entre o sítio, onde trabalhava e estava a casa da minha avó, Viana, e VPA, onde tinha a sua casa. Estudei em Viana e na Universidade no Porto mas, tirando os anos de estudante, e o tempo de trabalho em que o concurso docente me fez deambular pelo Alto Minho, passei metade da minha vida restante, de quase 50 anos, em VPA (e muito mais que os Verões, como alguns maldosos, que acham saber muito da vida privada de quem não conhecem bem, insinuam). O bairrismo cego, muitas vezes, não percebe que se pode ter uma ligação muito forte a um sítio sem nascer nele e não perder ligações a outros. A ligação emocional, ás vezes, é muito mais importante que a administrativa.
Uma das escolas onde mais gostei de estar colocado (das 15 onde estive) foi a de VPA, onde vesti 5 anos a camisola da escola, como muitos colegas, alunos e pais de várias cores políticas me têm dado a alegria de ver reconhecido nos contactos desta campanha.
LE: Um local onde sempre gosta de estar em Caminha?
LSB: Um dos sitios mais importantes da minha vida fica no concelho. É a faixa de areia que fica entre a Gelfa e VPA onde reaprendi a andar, com caminhadas de horas, todos os dias, durante quase um ano, no início a arrastar os pés, há 25 anos, a recuperar de um acidente e uma fratura muito grave, que me limitou a marcha e de que podia nem ter recuperado, se não fosse a motivação vinda do mar e do sitio. Por isso, eu digo que VPA é a minha terra de emoção. Não tenho o direito de chamar meu a um sítio que ajudou a devolver o ato essencial de andar, num dos momentos mais críticos de vida? E não acham razoável que me ofenda com quem me queira tirar esse direito?
LE: - Caminha tem futuro porque ...
LSB: er o futuro: ambiente de qualidade, património e qualidade de vida, proximidade a Espanha e a centros urbanos importantes de Portugal no Minho e Porto. E porque tem em si a diversidade que faz a originalidade e o progresso. E há muita gente que se sente próximo deste território e que, mesmo entre os que dele sairam, bem estimulados, podem ajudar, os que ficaram, a criar o futuro. Sem bairrismos estéreis e a perceber que o equilíbrio das diferenças é a base para o desenvolvimento. E o futuro também virá de corrigir os erros que se fizeram, os que se anunciam e não deixar fazer mais.
LE: No meu 1º dia como presidente de câmara irei ?
LSB: Nesse dia, que seria o 1º de 4 anos completos (porque não desertarei, antes do último, como se percebe que outros se preparam para fazer), iria reunir em grupos pequenos (10 no máximo) com todos os trabalhadores do município. Nesse dia começariam a ser os meus colegas como servidores do concelho e as reuniões teriam o lema: "Dêem ideias que, postas em prática, melhorem o nosso serviço aos cidadãos".
Demoraria vários dias, mas seria muito enriquecedor e útil. Acho que o capital de conhecimento dessas pessoas precisa de ser mais ativado. É, já agora, copio essa ideia, com a devida vénia, do Vice-presidente americano Al Gore, que fez isso com todos os trabalhadores da administração federal americana, o que ajudou a uma mudança positiva para trabalhadores e restantes cidadãos. O livro, que relata o processo, é um clássico sobre gestão pública e mostra as virtudes de ativar a participação dos trabalhadores públicos. Escolher mudar passa também por reforçar a participação de todos na criação de medidas públicas e não apostar em personalizações excessivas do poder.
LE: Uma frase que define o concelho?
LSB: Num tom pessoal, algo como: Entre o Âncora, o Coura e o Minho, sítios onde se pode ser feliz, viver bem e ter um futuro.