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Nesta entrevista, conversamos com Daniel Fernandes, um jovem cantor com talento e carisma que tem conquistado o público com a sua voz lírica e emotiva.
Desde o seu início no "The Voice Portugal" até à sua carreira em ascensão, Daniel Fernandes partilha connosco inspirações, projectos e a sua visão para o futuro da música portuguesa.
Manuel Araújo- Pergunta: Como deu início à sua carreira na música?
Resposta: Iniciei o percurso musical no Grupo Coral de Lago, Amares e continuei aprofundando os conhecimentos na Academia de Música de Vila Verde. Aí, sim, comecei a aprender as técnicas de canto necessárias para evoluir e cantar melhor. A carreira mesmo foi no The Voice Portugal. Foi quando comecei a cantar publicamente. Até então tinha vergonha.
P: Existe alguma recordação especial da sua infância relacionada com música que gostaria de partilhar?
R: A maior e melhor recordação não foi nenhum concerto, nenhum festival, nem mesmo ninguém a cantar alguma música difícil ou muito bem. A melhor que tenho é a do meu bisavô a cantar uma música que inventou no momento à "hora do comer", durante o almoço. Bastava estar contente para cantar, e hoje é o que faço: canto para ficar contente, e canto quando estou contente.
— P: Qual foi a experiência mais gratificante desde que participou no "The Voice Portugal" e alcançou o 3º lugar?
A melhor experiência de todas é chegar ao coração das pessoas, poder-lhes dar dias felizes e torná-las mais felizes. Não me importam plateias nem auditórios cheios. Isso não importa quando os corações estão vazios. Importam, sim, sorrisos nos olhos das pessoas, brilho nos seus corações e calor nos abraços. Isso é a melhor coisa que posso ter e alcançar enquanto pessoa.
— P: Quais foram as principais lições que retirou da sua participação no concurso?
Sinceramente não foram muitas. Aprendi mais durante a vida como ainda aprendo, como todos aprendemos. O concurso deu-me a conhecer outras realidades que não conhecia, pessoas fantásticas e outras menos fantásticas. As pessoas são aquilo que fica. A experiência da televisão, das câmaras e do chamado "estrelato" nunca me iludiram, porque ninguém é estrela, ninguém é mais que ninguém. Lições boas são aquelas que ganhamos no "terreno", na proximidade que temos com as pessoas que nos rodeiam.
— P: Como surgiu a oportunidade de participar em programas da RTP?
Foi algo natural. Fui lá como qualquer finalista e, pelo que sei, gostaram da minha forma de ser, de falar e pronto, comecei e continuo feliz na Praça da Alegria! É uma segunda casa à qual tenho um carinho imenso.
— P: Qual a importância de destacar a sua terra natal na televisão nacional?
A melhor ação que algum sonhador pode fazer é semear sonhos. Falar da minha terra, das minhas pessoas, da minha essência na televisão para todo o País faz sonhar aqueles que me ouvem. A melhor coisa que já me disseram foi: "O meu filho quer cantar porque viu que era possível alguém da aldeia e de Amares ir cantar para a televisão". Isto para mim é mágico, totalmente comovente, e torna esta minha missão de descentralizar as oportunidades e os sonhos muito mais amada.
— P: Quais são os géneros musicais que mais o inspiram? Há algum que o desafie mais do que outros?
Para além do lírico, gosto imenso de ouvir Fado, e gostava de um dia de poder cantar algo desse registo no meu (lírico). Da mesma forma, preciso de estar feliz para cantar, o que me leva sempre a ouvir coisas mais agitadas e alegres como António Variações.
— P: Existe uma música favorita que gosta especialmente de cantar?
O Barco Negro e o Sempre Ausente são aquelas que mais gosto. Barco Negro para cantar, Sempre Ausente para ouvir e sentir. São músicas poderosas, e que sempre me influenciaram durante a infância e a adolescência.
— P: O vizinho António Variações teve alguma influência na sua carreira musical?
Sim, teve. Toda a gente que me rodeia, seja dentro ou fora do concelho, foi influenciada, directa ou indirectamente, pelo Variações. Toda! A sua luta artística, pessoal e profissional fez com que todos nós pudéssemos ser aquilo que somos sem medo, com a naturalidade que nos é Natural! Ele foi o semeador de sonhos que, nos meios mais pequenos e afastados do Centro, se fez sentir na vida de todos.
— P: Como se descreveria enquanto cantor e qual considera ser a sua maior força?
Eu só canto, não faço mais nada. Só canto. A maior força é poder cantar e iluminar os olhos daqueles que me ouvem, conhecer pessoas e abraçar. Sentir que consegui melhorar o dia e a vida de quem está a meu lado, é a maior vitória e força que posso sentir.
— P: De que forma desenvolveu o seu carisma enquanto artista?
Não desenvolvi nada, é algo Natural. Sou o que sou, sem tirar nem pôr. Tenho a sorte de ser aceite em maior parte dos lugares onde estou, se não for aceite em algum sítio também não quero lá estar. Só sou Natural, e o artista é artista por causa dessa involuntária naturalidade que o identifica.
— P: Qual a razão que o leva a gostar de cantar em funerais?
O Funeral é um momento de Homenagem a quem partiu, é uma Ode à Vida, e por isso deve ser celebrado e divino, e a música traz a espiritualidade que é digna de um funeral. Se cantamos em casamentos, baptizados e todo o tipo de cerimónias onde as pessoas querem é festa, porque é que não se canta em funerais, quando as pessoas mais sentem e precisam de mais conforto? Sermos fonte de conforto e capazes de apaziguar a dor nem que seja por 1 segundo é uma honra.
— P: O que o motivou a tornar-se membro e dirigente de um partido político?
Não sou dirigente de nenhum partido, já fui dirigente de uma juventude partidária e abandonei para abraçar projectos maiores, que fazem mais sentido para mim. O motivo é o mesmo, Servir. Foi por isso que comecei a interessar-me pelas causas Sociais e por isso continuo a trabalhar para quem precisa de mim.
— P: Mantém o desejo de candidatar-se a presidente da Junta de Lago daqui a quatro anos?
Já só faltam 2 anos, e continuo com ainda mais convicção. A política de proximidade, e a possibilidade de trabalhar no terreno e em união com as pessoas é uma honra que quero ter o gosto de experimentar, e espero fazer um trabalho que se sinta na vida das pessoas que mais precisam. A Junta de Freguesia de Lago é para mim um projecto Casa, é a minha freguesia, as minhas Pessoas e por isso a minha Casa.
— P: Como equilibra a paixão pela música com as responsabilidades políticas e a vida académica?
Nem eu sei. Sinceramente não sei!
Vou vivendo semana a semana com o objectivo de conseguir fazer tudo o que faz falta fazer. A nível musical, com concertos e participações em actividades e cerimónias, juntamente com o trabalho político diário vou fazendo o que consigo.
Hoje com a Presidência das Festas D´Amares, a Festa Concelhia de Amares em honra de Santo António, a Presidência da Associação Social de Figueiredo e da Universidade Sénior de Amares, a vida Musical e Académica, é normal que alguma coisa fique por fazer. Porém, o ano tem 365 dias, há tempo para tudo, vou fazendo, sem saber como, o meu melhor.
— P: Existe alguém na sua família que tenha sido uma inspiração especial para o seu percurso?
A minha bisavó Laidinha, "Bózinha" como eu lhe chamava, que ajudou todos quantos podia. Ajudou, Cuidou, Acarinhou, Abraçou, Amparou e Amou muitas pessoas ao longo da vida, e a marca de amor que deixou no coração de muita gente que hoje conheço é a maior lição e inspiração que tive e tenho, é nela que me inspiro e nela que me revejo futuramente. Não me importo de morrer pobre, desde que ninguém a meu lado o seja.
— P: Quais são os seus sonhos e ambições no âmbito musical e político?
Eu só quero cantar. Canto até que as pessoas me queiram ouvir, quando não quiserem vou cantar na mesma até me apetecer.
Politicamente candidatar-me-ei a presidente da Junta, daí vou até onde o povo quiser.
— P: Que mensagem gostaria de deixar para os jovens que estão a ponderar seguir uma carreira na música?
Sonhem, façam o que quiserem e voem! Sem preocupações, sem medos nem vergonhas! Somos todos capazes de sermos aquilo que queremos ser! A vida acaba tão depressa e nós estamos sempre preocupados com coisas pequenas, vamos ser Felizes a sermos quem somos. Se o sonho é pela música, vamos lá! Nada vos impede!
— P: Como vê o futuro da música portuguesa?
Sinceramente não sei mesmo. Ao nível do lírico estamos mal, não damos valor aos maravilhosos músicos e cantores que temos. Gostamos demasiado do que não é nosso, não é defeito, não me interpretem mal, eu também gosto do que não é nosso. Defeito é não gostar do que é nosso, só por ser nosso. Temos sempre a tendência de desvalorizar Portugal e o que nasce do próprio País sem nos apercebermos dos tesouros que aqui guardamos. Isso não é bom. Mas enquanto isso existir não se esperam grandes coisas.
— P: Esta entrevista é dirigida aos falantes de português no Mundo, tem alguma mensagem especial para os seus fãs?
Sejam fãs de coisa melhor e maior! ahahhaha (risos)
Mas acima de tudo sejam felizes, e sintam que temos orgulho de vós! Eu pelo menos tenho, orgulho, carinho, admiração e respeito por todos os emigrantes que representam, amam e sentem o País como ninguém! Voam para tão longe, sem nunca esquecer a terra que lhes fez o Ser, e sofrem calados. Sofrem, sentem e choram sozinhos muitas das vezes, mas continuam firmes em busca do seu Sonho.
Meus queridos compatriotas, espero ver-vos brevemente por todo o mundo, desejo-vos tudo de bom, toda a felicidade, sucesso e acima de tudo felicidade. Venham o mais depressa possível porque a vossa Casa espera por vocês.