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150 anos do nascimento de Camilo Pessanha
Camilo de Almeida Pessanha (1867-1926), filho ilegítimo de António de Almeida Pessanha, na época, um estudante de Direito, e de Maria do Espírito Santo Duarte Nunes Pereira, uma criada de sua casa, nasceu em Coimbra, no dia 7 de setembro de 1867.
Completou o ensino primário em Lamego, estudou depois no Liceu Central de Mondego e, em 1884, ingressou no Curso de direito da Universidade de Coimbra. Começou, nesta época, a publicar os seus poemas em jornais e revistas como “A Crítica” ou o “Novo Tempo”.
Concluiu o curso de Direito em 1891 e, logo no ano seguinte, foi nomeado Procurador Régio de Mirandela. Dois anos depois vai para Óbidos, onde exerce funções como advogado até 1894, altura em que concorre ao cargo de Professor, para lecionar Filosofia, no recém-criado Liceu de Macau.
Em 1900, foi nomeado Conservador do Registro Predial em Macau e depois Juiz de Comarca. Entre 1894 e 1915 voltou a Portugal algumas vezes, por questões de saúde, tendo, numa delas, sido apresentado a Fernando Pessoa que era, como Mário de Sá-Carneiro, apreciador da sua poesia.
Participou da organização das revistas “Orfeu” e “Centauro”, prenunciando o espírito modernista e, em 1922, publicou o seu único livro de poesias “Clépsidra” (palavra que indica um tipo de relógio de água), que reúne as características essenciais do Simbolismo Português.
O poeta para quem a poesia vive de imagens visuais, plenas de cor, som e luminosidade, joga com as palavras e rompe com as estruturas tradicionais para apresentar uma linguagem musical, contrária aos rigorosos padrões da poesia parnasiana.
Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!
Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.
Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!
(in Clepsidra, « Vida »)
O suceder rápido e ininterrupto das estações do ano ou o fluir constante das águas, metáforas da transitoriedade e da fugacidade da vida, da inutilidade e da impossibilidade de lutar contra o passar do tempo, provocam-lhe, não raras vezes, uma espécie de cansaço, de dor de existir.
Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
(in Clepsidra, « Caminho »)
A moderação das emoções parece ser, assim, a única forma de evitar a dor.
Porque o melhor, enfim,
É não ouvir nem ver...
Passarem sobre mim
E nada me doer!
(in Clepsidra, « Branco e Vermelho »)
A injustiça social assim como as desigualdades, que limitam e condicionam a vida humana, são também temas que percorrem a sua poesia.
Ao longe a caravana
Sem fim, a caravana
Na linha do horizonte
Da enorme dor humana,
Da insigne dor humana...
A inútil dor humana!
(in Clepsidra, « Branco e Vermelho »)
Camilo Pessanha faleceu em Macau, onde viveu durante 32 anos, no dia 1 de março de 1926.
Em 1949, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o poeta dando o seu nome a uma rua junto à Avenida da Igreja, em Alvalade.
Por ocasião dos 150 anos do seu nascimento, são muitos os eventos que relembram a sua vida e homenageiam a sua obra:
Em Lisboa, durante o mês de outubro, o Instituto Português do Oriente (IPOR) promove a exibição da exposição “Camilo Pessanha – um Poeta ao Longe”, produzida pelo Camões I.P. e pela Associação Wenceslau de Moraes.
Em novembro, o programa estender-se-á ao Porto com a apresentação do livro “O pincel na mão dos símbolos e da joia de Pessanha: Claves de Lua e Sol” de Maria Antónia Jardim.
O Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC) e a câmara de Coimbra (cidade onde nasceu e à qual doou a sua coleção de arte chinesa) assinalam a data com vários eventos de que se destaca a instalação sonora, no Jardim da Sereia, com a reprodução de poemas de “Clepsidra”.
Em Macau serão emitidos dois selos e um bloco filatélico, alusivos à vida do poeta e desenhados pelo arquiteto macaense Carlos Marreiros.
O Município de Tábua relembra as raízes tabuenses do poeta (a mãe era natural desta cidade) e assinala a data com a inauguração de um painel de azulejos.
A moderação das emoções parece ser, assim, a única forma de evitar a dor.
Porque o melhor, enfim,
É não ouvir nem ver...
Passarem sobre mim
E nada me doer!
(in Clepsidra, « Branco e Vermelho »)
A injustiça social assim como as desigualdades, que limitam e condicionam a vida humana, são também temas que percorrem a sua poesia.
Ao longe a caravana
Sem fim, a caravana
Na linha do horizonte
Da enorme dor humana,
Da insigne dor humana...
A inútil dor humana!
(in Clepsidra, « Branco e Vermelho »)
Camilo Pessanha faleceu em Macau, onde viveu durante 32 anos, no dia 1 de março de 1926.
Em 1949, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o poeta dando o seu nome a uma rua junto à Avenida da Igreja, em Alvalade.
Por ocasião dos 150 anos do seu nascimento, são muitos os eventos que relembram a sua vida e homenageiam a sua obra:
Em Lisboa, durante o mês de outubro, o Instituto Português do Oriente (IPOR) promove a exibição da exposição “Camilo Pessanha – um Poeta ao Longe”, produzida pelo Camões I.P. e pela Associação Wenceslau de Moraes.
Em novembro, o programa estender-se-á ao Porto com a apresentação do livro “O pincel na mão dos símbolos e da joia de Pessanha: Claves de Lua e Sol” de Maria Antónia Jardim.
O Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC) e a câmara de Coimbra (cidade onde nasceu e à qual doou a sua coleção de arte chinesa) assinalam a data com vários eventos de que se destaca a instalação sonora, no Jardim da Sereia, com a reprodução de poemas de “Clepsidra”.
Em Macau serão emitidos dois selos e um bloco filatélico, alusivos à vida do poeta e desenhados pelo arquiteto macaense Carlos Marreiros.
O Município de Tábua relembra as raízes tabuenses do poeta (a mãe era natural desta cidade) e assinala a data com a inauguração de um painel de azulejos.