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Decorreu no passado dia 2 de Maio a conferência "Como proteger os pagamentos?
(Ciber)Segurança e prevenção da fraude", organizada pelo Banco de Portugal (https://www.bportugal.pt/evento/como-proteger-os-pagamentos-ciberseguranca-e-prevencao-da-fraude-0) e teve lugar no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
O ano 2021 foi marcado pela retoma do crescimento dos pagamentos, que havia sido interrompido pela pandemia. Deu-se o reforço de novos hábitos de consumo. A tecnologia contactless, os pagamentos online e as transacções efectuadas através do telemóvel e outros dispositivos, continuam a facilitar a realização de mais pagamentos e fazem parte do dia-a-dia dos consumidores portugueses.
Os pagamentos em 2021 apresentaram uma tendência crescente pela preferência dos instrumentos de pagamento electrónicos, em detrimento dos baseados em papel. Os cheques reduziram 18,3% em quantidade e 1,3% em valor, em termos homólogos.
Os instrumentos de pagamento electrónicos - cartão de pagamento, débitos directos e transferências - aumentaram 13,9% em quantidade e 14,4% em valor.
99,5% dos pagamentos de retalho foram efectuados com instrumentos electrónicos (excluindo o numerário). 40% das compras são contactless, 14% das compras com cartões emitidos em Portugal são online e 65% das compras online são no estrangeiro.
As transferências imediatas são vistas como o instrumento de pagamento preferencial para uma utilização generalizada na União Europeia.
Em 2021, em Portugal, foram recebidos significativamente mais fundos através de transferências imediatas do que enviadas. O país do qual a comunidade bancária nacional recebeu mais transferências foi a Lituânia, enquanto Espanha foi o maior destino para as transferências enviadas pela comunidade nacional.
Em 2021, ocorreram 55 incidentes operacionais e apenas um incidente de segurança de carácter severo, este último desencadeado por um ataque externo. A quase totalidade dos incidentes operacionais tiveram como causas falhas nos sistemas e processos. Os canais mais afectados pelos incidentes reportados foram o homebanking e o mobile banking, resultando, designadamente, em períodos de indisponibilidade.
Apesar desses registos, os níveis de fraude com a utilização dos diferentes instrumentos de pagamento electrónicos mantiveram-se muito reduzidos em Portugal. No primeiro semestre de 2021 registaram-se 200 mil fraudes, correspondentes a 14 milhões de euros, o que dá 66 euros de valor médio par cada pagamento fraudulento. 76% das perdas são suportadas pelos prestadores dos serviços de pagamento. O restante é suportado pelos utilizadores.
A segurança nos pagamentos começa com cada um de nós.
As tipologias de fraude mais comuns estão relacionadas com o processo de engenharia social, onde existe a manipulação do ordenante pelo infractor para emitir uma ordem de pagamento. O utilizador é induzido pelo burlão a iniciar a operação de pagamento a seu favor. O infractor emite uma ordem de pagamento após ter obtido credenciais de segurança do utilizador. Os sectores dos media, das telecomunicações e do retalho são os mais afectados.
O utilizador não deve clicar em ligações desconhecidas. Não deve divulgar informação confidencial nem pessoal. Deve efectuar pagamentos apenas a instituições credíveis. Deve ser cauteloso quanto a ofertas “irrecusáveis”. Deve evitar acessos públicos ou partilhados para efectuar pagamentos.
Assim, os dados do cartão bancário, de conta ou de autenticação, são como uma chave que não deve ser partilhada ou divulgada a ninguém, conhecido ou desconhecido, em momento algum. Não deve partilhar as suas credenciais de acesso. Não deve abrir sites não seguros (deve apresentar um URL começado por https:// e deve apresentar o símbolo de cadeado).
O utilizador não deve validar uma operação que não solicitou. Não deve partilhar códigos de operações. Não partilhe os seus dados pessoais e/ou de cartão. Não abra ligações (links) recebidas por SMS ou correio electrónico de sites desconhecidos. Em caso de dúvida contacte sempre a sua instituição financeira.
Utilize palavras-chave (password) com 12 ou mais dígitos, sempre diferentes. Algumas passwords, devido à sua simplicidade, são previsíveis e fáceis de descobrir.
Apesar de existirem serviços de segurança com soluções tecnológicas avançadas em funcionamento contínuo, cabe também ao utilizador velar pela sua própria cibersegurança.
É importante estar alerta e reduzir o risco para garantir uma operação de pagamento bem-sucedida.
A conferência pode ser vista na íntegra no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=PmaB_pbuWLg)
O autor produziu este artigo, da sua responsabilidade, para os leitores do jornal online LUSO.EU. Escreveu de acordo com as regras ortográficas anteriores ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.