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Os preços das casas, os custos da habitação nos Estados-Membros
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Existem grandes diferenças dentro da Europa sobre como vivemos em termos de tamanho, tipo e qualidade de habitação e se a possuímos ou a alugamos. A evolução dos preços das casas e rendas também varia significativamente entre os países europeus. A habitação na Europa mostra números sobre muitos aspectos diferentes relativos a 2022.
COMO VIVEMOS. Estudo sobre se moramos numa casa ou apartamento e se somos proprietários ou inquilinos. Também inclui estatísticas sobre o tamanho e a qualidade das habitações e, por último, mas não menos importante, sobre o impacto ambiental.
CUSTO DA HABITAÇÃO. Evolução dos preços e rendas da habitação na última década. Também mostra se a moradia é acessível tanto nas cidades quanto nas áreas rurais.
CONSTRUÇÃO. Sector da construção e mostra a evolução na última década. Também mostra as áreas mais construídas da Europa.
Casa ou apartamento. Possuir ou alugar. Mais de dois terços das pessoas na UE viviam em casas próprias. Ser proprietário ou inquilino da sua casa é algo que difere significativamente entre os Estados-Membros. Na UE, em 2021, 70% da população vivia em casa própria, enquanto os restantes 30% viviam em habitação arrendada. As maiores parcelas de propriedade foram observadas na Roménia (95% da população vivia em uma casa própria), Eslováquia (92%, dados de 2020), Hungria (92%) e Croácia (91%).
Em todos os Estados-Membros, exceto na Alemanha, a propriedade era mais comum. Na Alemanha, o aluguer era mais comum, com pouco mais de 50% da população sendo inquilino. A Áustria (46%) e a Dinamarca (41%) seguiram-se nessa tendência. Portugal, registou 78,3% de proprietários e o restante da população (21,7%) eram inquilinos.
Pouco mais de metade da população da UE vivia numa casa
A residência numa casa ou num apartamento também varia consoante os Estados-Membros e também varia consoante viva na cidade ou no campo. Na UE em 2021, mais de metade da população (53%) vivia numa casa, enquanto 46 % vivia num apartamento (1 % vivia noutras habitações, como casas flutuantes, carrinhas, caravanas residenciais, autocaravanas, roulottes etc.). A Irlanda (90%) registou a maior percentagem da população a viver numa casa, seguida pelos Países Baixos (80%), Bélgica e Croácia (ambos 77%). Note-se que estas percentagens incluem casas geminadas.
As casas são mais comuns em dois terços dos Estados-Membros. As quotas mais elevadas de apartamentos foram observadas em Espanha (66%), Letónia (65%), Estónia (61%), Lituânia (59%), Grécia e Malta (ambos 57%).
Nas cidades, 71% da população da UE vivia num apartamento e 28% numa casa. Nas cidades e subúrbios, as proporções eram de 58% das pessoas morando numa casa e 41% em apartamento, enquanto nas áreas rurais 83% da população morava numa casa e apenas 15% em apartamento. Já em Portugal 53,5% morava numa casa e 46,4% morava num apartamento.
Quanto à evolução dos preços das casas e das rendas os preços das casas sobem 37% na UE entre 2010 e 2021. Olhando para a tendência dos preços das casas entre 2010 e 2021, houve uma tendência ascendente constante desde 2013, com aumentos particularmente significativos entre 2015 e 2021. Houve aumentos em 23 Estados-Membros e diminuição em três (dados para a Grécia não disponíveis) durante este período. Os maiores aumentos foram observados na Estónia (+139%), Hungria (+122%), Luxemburgo (+115%), Letónia (+101%) e Áustria (+100%), enquanto as quedas, apesar de pouco significativas, foram registadas em Itália (-13%), Chipre (-8%) e Espanha (-2%).
As rendas sobem 16%. Houve um aumento constante dos alugueres na UE entre 2010 e 2021. Houve um aumento em 25 Estados-Membros e uma diminuição em dois. Os maiores aumentos registaram-se na Estónia (+154%), Lituânia (+110%) e Irlanda (+68%), enquanto as descidas foram observadas na Grécia (-25%) e Chipre (-3%).
De acordo com o dn.pt dezasseis países europeus já têm controlo sobre a evolução das rendas. O aumento desenfreado do preço da habitação desde 2015 tem levado vários países a procurar formas de regular o mercado. Na Europa, são já 16 com controlo de rendas - alguns há décadas, outros muito recentemente. E pelo menos três, com a Dinamarca à cabeça, restringem venda a estrangeiros.
Por outro lado, a inflação entre 2010 e 2021 evoluiu de forma bastante semelhante às rendas com um aumento total de 17%. Houve inflação em todos os Estados-Membros durante este período, com aumentos de 25% ou mais. Na Hungria (+33%), Roménia (+31%), Estónia (+30%) e Lituânia (+25%). Os aumentos de preços mais ligeiros foram observados na Grécia (+2%), Chipre (+7%) e Irlanda (+8%).
Os custos de habitação situam-se entre 64% abaixo e 94% acima da média da EU. Os custos de habitação em comparação com a média da UE diferem significativamente entre os Estados-Membros. Os custos de habitação mais elevados em 2021 em comparação com a média da UE foram encontrados na Irlanda (94% acima da média da UE), Luxemburgo (87% acima) e Dinamarca (78% acima). As baixas, por outro lado, foram observadas na Bulgária (64% abaixo da média da UE) e na Polónia (62% abaixo).
Olhando para a evolução entre 2010 e 2021, os níveis dos preços da habitação em comparação com a média da UE aumentaram em 16 Estados-Membros e diminuíram em 11. Os maiores aumentos foram observados na Irlanda (de 17% acima para 94% acima da média da UE) e na Eslováquia (de 44% abaixo para 1% abaixo da média da UE) e as maiores descidas na Grécia (de 8% abaixo para 30% abaixo da média da UE) e Chipre (de 8% abaixo para 26% abaixo).
Quanto aos níveis de preços da habitação no período de 2010 a 2021 e tendo como índice 100 atribuído à União Europeia, Portugal situava-se abaixo em 2010 (77,5%) e aproximou-se da média em 2021 (77,5%).
Entre 2010 e 2021 os preços da construção subiram 25%, especialmente a partir de 2016. Entre os Estados-Membros, os maiores aumentos foram observados na Hungria (+88%), Roménia (+63%), Letónia (+56%) e Lituânia (+48%). A Grécia foi o único Estado-Membro a registar uma diminuição (-3%).
A moradia é acessível? A sobrecarga de custo de habitação é maior nas cidades.
Com os preços das casas e os alugueres a subir, o custo da moradia pode ser um fardo. Tal pode ser medido pela taxa de sobrecarga dos custos de habitação, que mostra a parcela da população que vive num domicílio onde os custos totais de habitação representam mais de 40% do rendimento disponível. Na UE em 2021, 10,4% da população nas cidades viviam nessas condições, enquanto a taxa correspondente para as áreas rurais era de 6,2%. A sobrecarga dos custos da habitação foi mais elevada nas cidades do que nas zonas rurais em todos os Estados-Membros, exceto na Roménia, Bulgária, Lituânia, Croácia e Letónia. As taxas mais elevadas de sobrecarga dos custos da habitação nas cidades foram observadas na Grécia (32,4%), Dinamarca (21,9%) e Holanda (15,3%), enquanto nas áreas rurais foram mais elevadas na Grécia (22,0%), Bulgária (13,3%) e Roménia (10,8%).
O custo relacionado com a habitação em 2021 em Portugal era de 6,6% nas cidades e 4,5% nas zonas rurais.
Quase um quinto do rendimento disponível é dedicado à habitação. Outra forma de ver se a moradia é acessível é feita pela parcela do custo da moradia no rendimento disponível total. Em média, na UE em 2021, 18,9 % do rendimento disponível foi dedicado a custos de habitação. Este diferiu entre os Estados-Membros, com as percentagens mais elevadas na Grécia (34,2%), Dinamarca (26,3%) e Países Baixos (23,9%).
Olhando para aqueles com um rendimento disponível inferior a 60% do rendimento mediano nacional, pessoas que podem ser consideradas em risco de pobreza, a percentagem de habitação no rendimento disponível foi de 37,7% em média na UE. Por outro lado, para aqueles com rendimento disponível superior a 60 % do rendimento mediano, a percentagem ascendeu a 15,2 %.
No caso de Portugal os custos relacionados com a habitação em relação ao rendimento disponível em 2021 situaram-se em 15,1% ficando a meio da tabela dos Estados-Membros da EU.
De acordo com notícia da tvi.iol.pt e quanto ao crédito à habitação, os juros em Portugal são dos mais altos na Europa.
No que respeita à proporção de pessoas que vivem em domicílios com hipotecas, alugueres ou contas de serviços públicos (despesas relacionadas com a casa, água, luz, gás e combustível de aquecimento) em atraso em um nível inferior ao de uma década atrás, o Eurostat disponibiliza a seguinte informação.
Os atrasos no pagamento do empréstimo, renda de aluguer ou contas de serviços públicos são outro indicador de que os custos de habitação podem ser demasiado elevados. Apesar dos preços das casas e rendas terem aumentado durante o período de 2010 a 2021, a percentagem de pessoas que vivem em agregados familiares crédito hipotecário, casas alugadas ou contas de serviços públicos em atraso na UE diminuiu de 12,4% em 2010 para 9,1% em 2021. Os números diminuíram em 20 Estados-Membros, aumentaram em cinco e foram as mesmas em 2010 e 2021 em Malta (os dados de 2021 para a Eslováquia não estão disponíveis). Em 2021, as maiores despesas foram observadas na Grécia (36,4%), Bulgária (20,4%), Chipre (17,3%), Croácia (16,6%) e Irlanda (13,6%) e as menores na República Checa (2,4%), Holanda (2,6 %), Bélgica (4,2 %) e Áustria (4,8 %).
Em Portugal registava 5,4% em 2020 e em 2021 6,8%, ou seja, abaixo das respectivas médias da EU.
Por fim, quanto ao setor de construção, o valor acrescentado bruto do setor da construção na EU situou-se em 5,5% do PIB. Uma forma de medir a dimensão do setor da construção é através do valor acrescentado bruto (VAB) gerado por esta atividade económica em relação ao VAB total. Esta percentagem situou-se entre 5 e 6 % na UE no período de 2010 a 2021. Foi mais elevada em 5,8 % em 2010, caindo para 5,1 % em 2014 a 2017 e depois aumentando novamente para se situar nos 5,5 % em 2020 e 2021.
Entre os Estados-Membros, o peso do VAB na construção caiu em 14 Estados-Membros entre 2010 e 2021, registando-se as maiores quedas na Bulgária, Espanha, Grécia e Eslováquia. Entre os Estados-Membros com uma quota crescente do setor da construção durante este período, estão a Hungria, a Lituânia, a Dinamarca, a Alemanha e a Finlândia pois registaram maior crescimento. Em 2021, os Estados-Membros com maiores proporções – todos com 7% ou mais do VAB total – foram a Finlândia (7,7%), a Roménia (7,3%), a Áustria (7,2%) e a Lituânia (7,1%). Portugal registou 4,7% 3 4,8% respetivamente em 2020 e 2021.
Fontes: Eurostat, IOL, DN
15 de maio de 2023