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CULTURA - DESENVOLVIMENTO PESSOAL E EMPODERAMENTO FEMININO
“Basta!”, pensou.
Precisava de dizer alto e bom som, o que sentia, senão rebentava.
Ela sentia que merecia mais e estava na hora de subir nos seus sapatos de salto alto e seguir em frente. Sentia sempre poder nesse gesto tão simples.
Não lhe interessava o que os outros pensavam. Aprendeu ao longo dos anos que só a sua consciência tranquilamente alinhada, constituía a pedra inabalável onde assentava o seu propósito de vida.
Havia mudado sim, sempre para melhor, mesmo que doesse. Ela sabia bem o que eram ciclos, como conhecer a lua e as marés, intuir o que não é evidente. Para além das mulheres, a sentir isto, só lhe ocorriam os homens do mar e os que lavram a terra.
O telefone vibrou na mala, anunciando uma mensagem: uma colega não cabia em si de contente, tinha sido promovida no emprego. Sentiu alegria e gratidão pela felicidade da amiga.
Abriu a porta e entrou em casa. Por vezes era bom estar sozinha, não fazer nada ou fazer muitas coisas, perder-se no panteísmo da poesia de Espanca, andar descalça, escutar um tambor e viajar para longe em meditação, sentir tudo e não pensar em nada.
Largou a roupa no chão e preparou cuidadosamente o seu banho. Lenta e languidamente, o felino british long hair, acariciou-lhe as pernas, saudando-a com miados suaves. Havia pelo menos um macho que não se amedrontava, sorriu.
Olhou o espelho e viu o seu reflexo. Ainda se notava o cansaço da noitada de sábado com as amigas mas não se arrependia de nada. Adorava o contraste da festa com a brancura do retiro.
Demorou-se no banho, nos óleos e aromas. Vestiu a sua camisa de seda e saboreou uma infusão de alfazema. Elevou os pensamentos, inspirou e expirou até à saciedade.
Não podia controlar o resultado mas depois de repousar, sabia exatamente qual o próximo passo para alcançar o que merece. Abriu o portátil e o Word, estava na hora de trabalhar, estava determinada a focar-se. “Vamos lá espalhar magia...”, pensou.