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As negociações entre a União Europeia e o Reino Unido entraram num novo impasse.
A União Europeia recusou a proposta da primeira-ministra Britânica para uma relação comercial pós-brexit devido às consequências económicas adversas para a Grã-Bretanha.
De acordo com a entidade The Resolution Foundation, prevê-se que o Reino Unido sofra uma perda de 72 milhares de milhões até 2021, cenário que poderá ser agravado em caso de um hard brexit.
Nas linhas orientadoras da União Europeia foram recusadas as propostas da primeira-ministra no seu discurso da passada semana tendo Donald Tusk, Presidente do Conselho Europeu avisado que a futura relação seria “apenas um acordo económico” porque a primeira-ministra Britânica recusa permanecer no mercado único e na união aduaneira e “não é possivel um país aceder a uma forma de mercado comum apenas como parte da sua economia”.
Donald Tusk referiu que espera que os debates que se seguirão brevemente entre os restantes 27 líderes torne a sua posição mais clara para o governo britânico.
Neste momento, as relações comerciais do Reino Unido com cerca de 70 países está em causa devido ao facto do governo britânico recusar permanecer no mercado comum e na união aduaneira. No entender dos negociadores da União Europeia, isto levaria a inevitáveis fricções decorrentes de fiscalizações aduaneiras, bem como no que concerne às tarifas aplicáveis fora do mercado comum.
Outro ponto de discordância foi o facto da primeira-ministra britânica pretender formar uma entidade reguladora independente para arbitrar as relações entre ambas as partes, excluindo assim a competência do Tribunal Europeu de Justiça no que concerne ao Reino Unido.
O Presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani veio igualmente referir que em caso de discriminação de cidadãos europeus por parte do governo britânico, inclusivé durante o período de transição que deverá estender-se até 2021, dará lugar ao veto de qualquer negociação alcançada em relação ao Brexit.
O coordenador da União Europeia das negociações sobre o Brexit, Guy Verhofstadt referiu ter convidado responsáveis dos Ministérios Estrangeiros e Administração interna britânicos para estudar planos para o sistema de imigração no pós-brexit e ainda que no seu recente encontro com Theresa May, esta semana em Londres, terá efectuado um pedido de clarificação sobre os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido dado que em muitos pontos não é clara a posição do governo britânico. Para o negociador-chefe da União Europeia, quando se refere a cidadãos europeus, inclui igualmente os cidadãos britânicos residentes em países comunitários.
Numa pesquisa pela Britain Elects esta semana, refere-se que 64% da população britânica está descontente com a forma como as negocições estão a ser conduzidas pelo governo do seu país, sendo que apenas 34% se manifesta a favor. Esta entidade referiu recentemente que a opinião pública britânica tem vido a mudar e que a maioria não está a favor da saída do Reino Unido da União Europeia.
O governo britânico continua a preparar um cenário de no deal até 2020 algo que deixou a comunidade portuguesa apreensiva, bem como cidadãos de outros países comunitários: Patrícia, investigadora numa Universidade britânica, refere que a seu ver, esta estratégia do governo britânico é uma forma de tornar impossível qualquer acordo e recorrer ao no deal, culpabilizando a União Europeia por inflexibilidade nas negociações e justificando o final abrupto das relações entre a UE e o Reino Unido. Sendo que neste caso, não haverá acordo sobre os direitos quer dos cidadãos europeus no Reino Unido, bem como dos britânicos residentes em países pertencentes à União Europeia.
Sarah, cidadã britânica a residir em Portugal refere ainda sentir-se chocada com o facto do seu governo pretender prosseguir com este suicídio económico baseado num voto não vinculativo.
Michaela e Thomas, ambos cidadãos comunitários a residir no Reino Unido referem satisfação e algum alívio pela postura firme e unida que os países da União Europeia têm vindo a demonstrar, não cedendo na degradação dos direitos dos europeus residentes no Reino Unido.
Teresa, portuguesa, residente em Inglaterra refere a dificuldade que o país terá em substituir mão-de-obra, sobretudo qualificada nos serviços de saúde britânicos e que poderá levar ao fecho de vários serviços o que é preocupante.
Para Joana, portuguesa a residir no Reino Unido, o governo britânico pretende um tratamento preferencial, continuando a usufruir dos beneficios de pertencer à União Europeia mas excluindo a liberdade de circulação e que está satisfeita com a forma como as negociações estão a ser conduzidas pela UE.
Para a maioria dos emigrantes, o facto de estas negociações se arrastarem há 20 meses sem claros avanços tem gerado muita tensão, pelo que se sentem a viver num limbo.
Numa declaração conjunta de Guy Verhofstadt e Antonio Tajani, hoje em Bruxelas foi colocada a necessidade um quadro flexivel com vários graus de cooperação nas mais variadas áreas para prevenir a confusão gerada por diversos acordos como é o caso da Suiça.
Este acordo deveria cobrir quatro áreas: política externa e segurança, segurança interna, comércio e a designada cooperação temática como é o caso da pesquisa científica.