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O embaixador da Rússia em Portugal, Mikhail Kamynin, considerou hoje “lamentável” a resposta coletiva dos países da União Europeia à sua carta sobre a segurança na Europa, indicando que Moscovo ainda aguarda uma resposta individual dos 27.
“Sabemos bem que nem todos os membros da União Europeia (UE) estavam de acordo com esse procedimento (resposta coletiva). Mas foi o que foi. Moscovo continua a esperar uma resposta de caráter nacional, sendo que todos os compromissos quanto à segurança na Europa foram assumidos por estes países individualmente”, sublinhou o embaixador, em declarações à Lusa.
“Continuaremos os esforços para iniciar conversações diplomáticas sobre a segurança na Europa com os Estados Unidos e a NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) assentes nos princípios consagrados na Carta sobre a Segurança Europeia de 1999, na declaração da cimeira da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) em Astana (2010), na Ata Fundadora Rússia–NATO de 1997 e noutros documentos relevantes”, acrescentou.
Questionado pela Lusa sobre se pensa que Portugal tem sido subserviente nesta questão em relação aos países maiores da NATO, o diplomata russo respondeu: “As ‘regras do jogo’, os procedimentos de funcionamento de uniões e alianças de que a Rússia não faz parte, não podemos comentar por razões bem compreensíveis”.
Perante um cenário de inevitabilidade de sanções da UE à Rússia em caso de intervenção militar na Ucrânia, para o qual o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, recentemente alertou, e sobre as eventuais consequências da imposição dessas sanções para as relações com Portugal, o embaixador russo em Lisboa reiterou que “a Rússia não está a planear nenhuma intervenção”.
“Somos a favor da resolução diplomática dos assuntos de segurança europeia. As sanções não são uma escolha nossa, mas não temos medo delas: a Rússia demonstrou que nas condições sancionatórias vigentes desde 2014 consegue desenvolver-se com resiliência”, frisou.
“Aliás, as sanções, como é evidente na prática real, atingem os que as impõem. Um exemplo recente é as preocupações dos produtores de vinho portugueses, que falaram sobre o assunto há alguns dias em Moscovo, no quadro da feira ‘Prodexpo’”.
Quanto às relações com Portugal, Mikhail Kamynin afirmou que “se têm baseado no respeito dos interesses mútuos, bem como no entendimento de que Moscovo e Lisboa fazem parte de sistemas geopolíticos diferentes”.
“Percebemos muito bem que no nosso trabalho conjunto devemos destacar o que nos une, e não o que nos separa. Temos muitos planos e projetos despolitizados em várias esferas. No ano em curso, continuaremos a sua implementação no formato bilateral”, indicou o embaixador.
“Estou certo de que Lisboa parte da mesma perceção nestes assuntos”, acrescentou.
Sobre os contactos que mantém com responsáveis portugueses relativos às posições públicas de Portugal quanto à crise russo-ucraniana e a outros temas, o diplomata russo esclareceu que é permanente o contacto “com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, inclusive no formato das consultas regulares, e com outras instituições-chave do país”, em que dialogam sobre várias questões da agenda internacional atual, inclusive a situação na Europa”.