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Depois do almoço à beira mar, decidimos dar um passeio a pé pela costa em direção a norte. Não havia vento e o sol brilhava e convidava aquele passeio. O primeiro ponto de paragem foi a praia da Memória que é um dos poucos locais na zona para fundear navios e para desembarques. Por esse motivo esta praia está recheada de histórias desde o tempo dos piratas. Dado o seu isolamento, a praia era utilizada por piratas para saquear quintas e povoações das redondezas, bem como capturar homens e mulheres para os fazer escravos. Esta praia também foi conhecida noutros tempos pela «Praia dos Ladrões», pelos saques feitos em terra, depois de atrair os navios até se despenharem na costa acidentada, através das falsas fogueiras de sinalização.
Continuamos o passeio até encontrar uma placa que indicava o início do Parque das Dunas marítimas. Seria possível, a partir daquele ponto encontrar plantas e animais identificados em cada paragem. O sol continuava a brilhar. Os habitats de plantas e animais daquela zona são frágeis e sempre em transformação devido à forte acção dos ventos, das marés e das ondas. Mas a atividade humana já alterou bastante aquela paisagem dunar com construções clandestinas e destruição das dunas com veículos motorizados. Presentemente as dunas são protegidas por lei.
Logo mais à frente é possível avistar o enorme Obelisco da Memória, que assinala o desembarque de D. Pedro IV e os seus 7500 homens do exército liberal, assinalando o princípio do fim o regime absolutista que dominava Portugal até então. Após o desembarque, o Exército Libertador avançou para o Porto onde ficaria cercado durante um ano - o Cerco do Porto.
Mais à frente iniciam as placas que identificam as mais variadas plantas que habitam naquelas dunas. A erva-de-cão, soldanella, eruca-marinha, estorno, funcho-marítimo, salsa-das-areias, cardo-marítimo, morganheira-das-praias, papoila-das-praias e o chorão, são algumas das plantas que ali se podem encontrar.
Logo a seguir, na Praia de Angeiras, podem encontrar-se Tanques Romanos para a Salga de Peixe (séculos III a IV d.C.), que se destinavam à salga de peixe e à produção de outros tipos de conservas de peixe, incluindo o famoso «garum» (molho de peixe).
Na Praia da Agudela, em Lavra, a cerca de 30 metros de profundidade, encontra-se afundado um submarino alemão da Segunda Grande Guerra Mundial, que é hoje abrigo de ricas fauna e flora marítimas, o que se torna num ponto importante de mergulho subaquático nesta costa.
Por fim chegamos a S. Paio, mesmo frente ao mar, onde se encontram umas ruínas antigas de habitação, bem como existem marcas geológicas bem visíveis e ainda sinais de passagem de vikings por aquela região. Mais antigos são os «penedos amoladoiros» que remetem para a pré-história.
Foram 7 quilómetros de paisagens magníficas.
Todo aquele passeio é feito por caminhos pedonais em madeira por cima das dunas, preservando assim este habitat. Está inserido nos Caminhos de Santiago pela costa portuguesa, que parte do Porto e passa pelos atuais concelhos de Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença. Já é assim desde o século XVIII.
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