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Os bancos tentam estancar a sangria na bolsa por causa da Guerra na Ucrânia.
Os conselheiros financeiros, gestores de activos estão a realizar encontros com os clientes no sentido de fornecer uma actualização da situação ao momento. Procuram ainda explicar que em altura de crise é o pior momento para vender os activos.
Os encontros presenciais com os clientes servem para acalmar os ânimos e sobretudo para passar a mensagem que esta é a pior altura para vender.
A par da possibilidade de uma escalada do conflito além das fronteiras ucranianas, a principal preocupação prende-se com o impacto na inflação, que tem vindo a atingir valores máximos de várias décadas nas economias desenvolvidas, conforme noticiado pelo Jornal de Negócios.
O que está em causa é acompanhar a tendência. Para onde se dirigem as cotações? Se a guerra se alastrar, se a inflação disparar sem controlo, então é necessário perceber o que poderá suceder a seguir.
Os comportamentos bolsistas são feitos de altos e baixos. A economia portuguesa e as restantes economias europeias, antes do início da guerra, desejavam que a taxa de inflação saísse do zero. Crescesse com moderação e de forma previsível.
Agora temos a ameaça de uma inflação que pode arrancar de forma descontrolada.
Os investidores e os aforradores devem levar em conta todos estes comportamentos e perceber o que está a acontecer a cada momento.
Os comportamentos em bolsa repetem-se, são cíclicos, são feitos de altos e baixos.
A literacia financeira ajuda a perceber estes comportamentos. Portugal ocupava o último lugar no ranking de literacia financeira da zona euro, de acordo com os últimos dados disponíveis do BCE, relativos a 2020, no qual juntava portugueses, aos cipriotas e italianos no fim da lista. Os alemães, holandeses e finlandeses lideram o ranking deste tipo de conhecimento que deve ser ensinado nas escolas desde o início.
No entanto, ocupa o 7º lugar no inquérito internacional à literacia financeira dos adultos 2020 promovido pela International Network on Financial Education da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE/INFE), junto de 26 países.
Este inquérito mediu três vertentes: conhecimentos, atitudes e comportamentos financeiros.
A maioria dos inquiridos respondeu correctamente às questões sobre a relação entre inflação e custo de vida (74,7%), sobre a relação entre retorno e risco de um investimento (72%) e sobre o efeito de perda de poder de compra resultante de uma taxa de inflação de 2% (55,8%), resultados ainda assim abaixo da média dos países participantes.
Quando questionados sobre o cálculo de juros simples e compostos, os portugueses apresentaram resultados menos positivos. A maioria dos entrevistados revelou proactividade na aplicação da poupança (63,5%). Nas questões sobre inclusão financeira, a generalidade dos entrevistados conhece pelo menos cinco produtos financeiros (89%), uma percentagem superior à média dos países participantes O resultado do inquérito internacional à literacia financeira dos adultos 2020 da OCDE/INFE, poderá ser consultado na íntegra no sítio do Banco de Portugal.
O valor das remessas enviadas regularmente para Portugal, tão essencial à economia portuguesa, também depende da literacia financeira das comunidades portuguesas. Este será um tema a levar em conta pelo actual governo, no sentido de proporcionar maior informação.
08-04-2022
O autor produziu este artigo de opinião, da sua responsabilidade, em exclusivo para os leitores do jornal online LUSO.EU. Escreveu de acordo com as regras ortográficas anteriores ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.
João Pires