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O tema voltou!
O preço que os munícipes pagam de água no concelho de Caminha desde que este aderiu às Águas do Alto Minho nunca foi unânime e o descontentamento sempre se fez ouvir quer pelo valor da factura como também os equívocos surgidos na facturação no ano de 2020.
Recentemente, o Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal revelou que o número de distribuidores de água com volumes de receitas superiores a 100% dos custos era de apenas 88, enquanto 113 ficaram abaixo. Dessas, 57 não conseguiam recuperar sequer 75%. Trinta e duas nem responderam. Na drenagem de águas residuais, o panorama é pior: 147 entidades não conseguem cobrir os seus gastos, só 54 alcançam esse objectivo e 91 não chegam a 75%. Ainda segundo este relatório a maioria está sobre pressão para agregar-se e aumentar as tarifas.
Luso.eu abordou Miguel Alves, presidente da câmara municipal de Caminha, com o intuito de saber se efectivamente o valor da água no concelho desde a entrada nas Águas do Alto Minho subiu cerca de 40% E o autarca socialista garantiu que na adesão a esta empresa “o Município acabou com um défice anual de 1 milhão de euros que se acumulava todos os exercícios, melhorou o serviço de piquete e os prazos de reparação de avarias, permitiu investimentos na expansão da rede de saneamento e requalificação da rede de abastecimento que estão em curso nas freguesias de Venade e Azevedo, Moledo e Cristelo e Âncora e outros que irão realizar”.
O autarca ainda revelou com regozijo que “Caminha foi o concelho do Alto Minho onde a qualidade de água mais subiu no ano de 2020 (passando de uma situação de risco para uma situação de excelência) e, finalmente, permitiu dar cumprimento às recomendações da ERSAR”.
A adesão do concelho de Caminha às Águas do Alto Minho nunca foi consensual e em nota de imprensa os vereadores da coligação o concelho em primeiro sublinham que “Miguel Alves ASSUME QUE AS facturas DA ÁGUA SUBIRAM 40% E ATIRA AREIA PARA OS OLHOS DOS caminhenses dizendo QUE NÃO TINHA alternativa” ” e ainda referem que “municípios unidos não precisavam de criar empresa da água ADAM para acorrerem a fundos comunitários”.
Estes vereadores da oposição assumem o seu descontentamento com a forma como é gerida a água e são peremptórios na acusação ao actual presidente da câmara de Caminha. “Depois de tantas vezes o presidente da Câmara Municipal de Caminha dizer que a factura da água não tinha aumentos, vemos agora, em pleno 2022 o mesmo a assumir que aumentou 40%.Diz, em comunicação recente ao JN, que não tinha alternativa para o facto. Afirmações feitas por aquele que deixou de pagar a água em 2014 e não mais a pagou até findar o serviço e passá-lo para a empresa. Aquele que usou o dinheiro dos munícipes (das facturas de água) para continuar a fazer as suas festas, as suas assessorias de comunicação como a da Make it happen, da mulher do ex presidente da Câmara de Santo Tirso e outras”.
No caso referente aos investimentos na rede de saneamento após à adesão à Águas do Alto Minho os vereadores da coligação o concelho em primeiro destacam que “os concelhos que não aderiram continuam com investimentos nas redes de saneamento e controlam eles os preços da água. Assim faz sentido, porque a água é um bem essencial que nunca deveria sair da esfera pública. Em Caminha resolveram criar uma empresa, dar cargos, com salários principescos pagos aos dirigentes e colocaram os caminhenses a pagar tudo isso”.
Estes vereadores ainda alertam que no próximo ano a água irá subir novamente e apontam o dedo ao autarca socialista Miguel Alves que “é o responsável político distrital por esta opção” e lamentam que “sejam os caminhenses a ter que pagar estas decisões: aumentos de 40% nas faturas da água; Imi na taxa máxima assim como o IRS”.
O Bloco de Esquerda de Caminha também mostra o seu desagrado ao preço da água praticados actualmente no concelho e evidenciam que “alegar que o fornecimento de água e saneamento aos cidadãos é algo que dá prejuízo, é o mesmo que argumentar que as escolas públicas dão prejuízo, que os hospitais públicos dão prejuízo, que o arranjo da estrada ou do largo público pelo município dá prejuízo.Considerar a despesa como um prejuízo sem atentar no benefício não financeiro que a mesma tem na comunidade e na vida dos cidadãos, é um óbvio disparate liberal”. Esta força política ainda reforça que quer os executivos socialistas como os sociais-democratas “não foram capazes de gerir o bem público, como é a água, com respeito que merecem os cidadãos do concelho de Caminha”.
O Bloco de Esquerda também reforça que o valor da água ainda vai subir mais “uma vez que ao serviço público se sobrepõem agora conceitos de lucro” e ainda referem que “o presidente do Município de Caminha vem dizer aos seus munícipes que "foi duro" o aumento das tarifas, como se se dirigisse a crianças dizendo: "caíste, magoaste-te e agora dói-te muito, foi dura a queda, mas sossega que vai passar". e os caminhenses aguentam e aguentam não só com este aumento das tarifas da água como com todos os impostos municipais nos seus limites máximos, referiu Abílio Cerqueira, deputado do Bloco de Esquerda na assembleia municipal de Caminha.
Por sua vez, a CDU classificou a adesão do município de Caminha às Águas do Alto Minho como a “vontade de dar cumprimento a um plano estratégico monopolista sobre a água que, assim vemos, pretende conduzir à privatização”. Celestino Ribeiro, deputado municipal, ainda teceu críticas ao actual executivo de Caminha por usar “os seus serviços e trabalhadores, afinal eficazes, para “ajudar” a AdAM, empresa participada, integrada no Grupo Águas de Portugal, e assim não haver motivo para romper com o contrato, aprovado, à segunda, na Assembleia Municipal de Caminha, sem que os anexos estivessem junto do contrato final”.
A CDU justifica a sua oposição à entrada nas Águas do Alto Minho e alertou referindo que “na última sessão ordinária da Assembleia Municipal de Caminha, com a aprovação, pela maioria do PS, do protocolo de cooperação financeira do município de Caminha com a AdAM, colocando o primeiro a sustentar a atividade do segundo para que em seu nome realize obre. Claro que todos reconhecem o que de positivo trazem as obras, mas consolidamos a ideia de que tal seria possível se outra opção fosse tomada”.
“É inegável” a subida dos preços da água segundo a CDu e acrescenta que “por mais desmentidos que surjam só sujam a evidência de quem a cada mês mais paga. Aliás, a sensibilidade de AdAM é tanta que no primeiro confinamento apenas isentou de pagamento os edifícios comerciais que, maioritariamente, estavam fechados. O eleito da CDU solicitou mesmo à AdAM que nessa altura cobrasse apenas pelo 1º escalão aos munícipes, uma vez que com o confinamento e mais normas de higiene o consumo era desajustado ao tarifário. Mas a responsabilidade social da AdAM não o permitiu”.
Voltam a agitar as águas no concelho de Caminha fruto da adesão deste às Águas do Alto Minho. Recordar que em 2020 nasceu a Águas do Alto Minho, constituída pela Águas de Portugal e por um conjunto de municípios entre os quais o de Caminha.
Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades