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17:27:42 "Pior que não tomar decisões acertadas é insistir nas escolhas erradas"
Lavradas é uma localidade situada no Distrito de Viana do Castelo, Concelho de Ponte da Barca. Em Dezembro de 2017 a igreja paroquial foi totalmente consumida por um violento incêndio. Ainda não está reparada desse desastre. E tem sido alvo de diversas acções de protesto e de requisito, por forma a forçar as obras na reedificação do templo. Foi esse o sentido e demanda, de mais uma manifestação pacífica, mas determinada, na manhã do passado dia 21 de janeiro, no átrio e área adjacente às ruínas de um sinistro, que importa agora reparar.
Exausto de uma longa espera, o povo acorda do pesadelo e reclama pela reconstrução da igreja, alegando haver os meios para se concretizar a obra. O mesmo povo que juntou mais de 400 mil euros, para essa finalidade. No centro da discórdia, que começa a ter agravados contornos está, a mudança na decisão de reconstruir o templo. Em contrapartida foi escolhido, um novo projecto e arquitectura que visa construir uma outra igreja de raiz; moderna, faustosa e considerada descabida, atendendo também aos agravados custos, em relação à verba da reconstrução. A diferença que o povo não pode, nem quer assumir ascende ao dobro do montante já conseguido em donativos. No grito da revolta está patente uma traição ao direito, à justiça e à transparência, -afirmam os manifestantes! Que se dizem enganados: "eu dei para reconstruir a igreja, não foi para mais nada". A indignação cresce, face a um silêncio comprometedor da Fábrica da igreja!
Ao que se sabe, o contestado projecto arquitectural encontra-se para aprovação, na Câmara Municipal tendo sido rejeitado, numa primeira análise pela Direcção Regional de Cultura do Norte. E indeferido pela Junta de Freguesia, sob informação da Câmara Municipal no que concerne os limites de propriedade. Um parecer que não sendo vinculativo é de extrema importância para o que se pretende levar a cabo. Estes são os primeiros sinais dados, perante a vexatória situação e tentativa de querer validar um projecto, que contém o vírus da contradição, do abuso de poder e da usurpação do dinheiro angariado por via dos donativos; uma situação que pode e deve ser contrariada juridicamente! Faltam ainda outros tramites legais para a sua aprovação, que inclui o parecer arqueológico. Terá no final, a aprovação ou a rejeição do Executivo barquense, que deve ter em conta o peso e a responsabilidade da sua decisão, quando sabemos que a esmagadora maioria se opõe!
As advertências escritas, as opiniões na imprensa local e nacional; as reportagens televisivas; as pichagens e denúncias anónimas; o impacto nas redes sociais são o resultado dessa viragem, dessa vontade em fazer, com o dinheiro dos outros, uma obra que dizem não se justificar! Criando-se assim, um ambiente propício ao confronto e azedume, contrários ao que defende a Igreja na sua catequese e doutrina.
Acresce a tudo isto a componente da ética e dos valores que defende a Igreja. Numa depravada contradição pretende provar, com este caso, o contrário daquilo que apregoa nos púlpitos da moral. "Vão para cima do altar mentir". Descaramento e contraexemplo, despudor e violência; com dispêndio de energias, prejuízos morais, quezílias, agressões! São os sentimentos e revelações dos populares, que entendem ter chegado o tempo de iniciar as obras de reconstrução, que não necessitam de procedimentos burocráticos e que beneficiam da enorme vantagem de haver os meios económicos para o fazer! O povo e não só, quer apenas o cumprimento da promessa, que foi é e será sempre, o compromisso assumido por todos; "que cada um assuma a sua quota parte de responsabilidade devolvendo a honra e a dignidade que merece a freguesia e toda a sua população"!
PROGRAMA DA SIC - LINHA ABERTA
"Quando o dinheiro entra pelas portas das igrejas, sai a fé pela janela"
Já não é a primeira vez que a comunicação social se desloca a Lavradas, por forma a recolher os dados que possam trazer respostas ao embaraçoso caso da reconstrução da igreja. Desta vez e em dia de manifestação popular, a SIC disponibilizou-se para fazer a reportagem, através do seu programa "Linha Aberta" de Hernâni Carvalho. Com várias intervenções, dos manifestantes, que livremente deixaram os seus testemunhos e também do Advogado, Miguel Santos Pereira e da Psicóloga Maria Cunha Louro, que produziram, alternadamente as suas considerações, face aos factos ocorridos. Um trabalho de qualidade que não deixa ninguém indiferente; forma-se assim uma opinião nacional, com impacto na Diáspora de onde veio muito dinheiro. -"O melhor de tudo seria não haver razão para eles cá virem fazer a reportagem", rematou uma das manifestantes.
A jornalista Ana Paula Félix, no seu trabalho de pesquisa e confronto procurou entrevistar o contraditório tendo mesmo batido à porta do Pároco, que rejeitou dar explicações, optando pelo habitual silêncio. -"Nunca dei, não faço declarações, está bem?".
@António Fernandes