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“Miragem” foi o adjectivo utilizado pelo autarca Miguel Alves quanto à eventualidade de uma ponte sobre o rio Minho que unisse Caminha e La Guardia.
Esta solução sempre foi defendida pelo Partido Social Democrata do concelho de Caminha tendo até se criado uma petição por uma ligação rodoviária no Rio Minho que nos une que tinha como objectivo recolher 4.000 assinaturas com o intuito de levar o tema a debate na Assembleia da República.
“Nós tínhamos razão quando afirmamos a necessidade desta ligação e o presidente da câmara deve um pedido de desculpas a todos aqueles que a defendiam. Um pedido de desculpas por ter posto o partido à frente do concelho e se focar mais em guerras estéreis do que a respeitar o direito da oposição de dizer que faz falta no nosso concelho uma ligação rodoviária internacional efectiva pois é o motor gerador de uma visão estratégica de futuro para o nosso concelho”, sublinhou Liliana Silva, presidente da concelhia de Caminha do PSD e vereadora na câmara.
Os ecos de uma ponte em Caminha voltaram a ecoar recentemente aquando da conferência "Desafios da Cooperação Transfronteiriça, que foi promovida pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, onde se avançou com a possibilidade de uma nova ponte em Monção e a reivindicação de 145 milhões para rodovia.
O autarca socialista Miguel Alves que sempre se mostrou em desacordo com uma ponte em Caminha agora diz que “a câmara de Caminha está a comparticipar um estudo sobre mobilidade na foz do Minho, um relatório que enquadra todas as possibilidades de atravessamento do rio Minho entre Caminha e A Guarda evidenciando as vantagens e desvantagens de cada uma do ponto de vista técnico, económico e ambiental”.
O PSD de Caminha acérrimo defensor desta ligação entre os dois povos também realizou um estudo que “visava relançar a discussão sobre a necessidade de uma ponte” e que apontava para várias opções, todas elas a serem alvo de auscultação popular. Liliana Silva recordou que “o Partido Socialista desde sempre disse que não queria nenhuma ponte e que o ferryboat chegava para o nosso concelho. Este presidente da Câmara foi mais longe, insultando todos os que de alguma forma defendiam uma solução alternativa e que a mesma deveria ser alvo de um amplo debate público e não se cingir às esferas partidárias”, sublinhou Liliana Silva.
Esta vereadora da oposição critica o autarca socialista Miguel Alves, “agora vem o presidente da Câmara mudar o rumo , porque demorou a perceber que o ferry não serve a Caminha e parado muito menos.
O autarca local e líder nos destinos do concelho de Caminha, Miguel Alves, voltou a ser peremptório ao sublinhar que sempre foi a favor de uma travessia que unisse os dois povos. “Sou e sempre fui a favor de encontrar uma fórmula de atravessamento do rio Minho que possa ser sustentável. Estudar todas as possibilidades elencando as fraquezas e forças de cada solução, é um exercício de razoabilidade”, sustentou.
A voz da oposição, Liliana Silva ainda referiu que “nós somos o concelho que menos tem crescido em termos económicos no distrito de Viana do Castelo. Aliás, todos os concelhos estão em prosperidade e crescimento, anunciando quase semanalmente a instalação de novas unidades produtivas e empresariais e só Caminha é que vive no marasmo. A perda de população do concelho de Caminha, conforme os últimos censos, demonstram isso mesmo. As pessoas que querem trabalhar não se fixam no nosso concelho. Estão a fugir daqui. Para cá já só vêm, maioritariamente, estrangeiros que querem uma casa para segunda habitação para usufruírem da sua reforma ou de dias de férias. Mas o nosso concelho não sobrevive só com isto.
“Precisamos de mais, de sonhar mais alto e elevar o nosso concelho para um patamar de progresso e grandiosidade que tem sido adiado por falta de planeamento, estratégia e discussão saudável das ideias”, defende Liliana Silva para ainda acrescentar que “perdeu-se nas lutas partidárias e adiou o futuro de Caminha.
Miguel Alves não acredita nos benefícios económicos de uma ponte em Caminha, “os benefícios seriam mínimos sabendo-se que, do lado galego, se encontra o fim de uma península onde vivem pouco mais de 10 mil habitantes. Todas as soluções vão ser estudadas e é assim que deve ser (não acredito em censura de possibilidades) mas, face aos dados que temos hoje, não acredito que uma ponte seja uma solução sustentável para o atravessamento do rio Minho a partir de Caminha”.
Conhecidas são as condicionantes do ferry-boat Sta. Rita de Cássia, embarcação que liga Caminha a La Guardia, resultantes do assoreamento da Foz do Rio Minho, e das recorrentes dragagens do canal do 'ferryboat' e as restrições existentes no funcionamento deste meio de transporte. Aliás, o ferry-boat está parado faz tempo e a estimativa é que somente no final do ano volte a navegar.
Ponte em Caminha: uma miragem? Talvez não!
Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades