Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!
(Lusa) – O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, pediu hoje a ajuda da comunidade internacional após uma série de explosões num quartel militar na cidade de Bata, que classificou como um acidente causado por negligência.
Num comunicado oficial, lido na televisão pública TVGE, o Presidente da República, Obiang Nguema Mbasogo, disse que a cidade de Bata foi "vítima de um acidente causado por negligência e descuido da unidade responsável pela guarda e proteção dos depósitos de dinamite e explosivos anexos ao quartel militar de Nkuantoma".
De acordo com a nota, foram queimadas em terrenos das proximidades que alastraram aos paióis e causaram as explosões, mas Teodoro Obiang informou ter ordenado a abertura de uma investigação exaustiva às causas do acidente.
O chefe de Estado explicou que das explosões resultaram pelo menos 15 mortos e mais de 500 feridos, embora o Ministério da Saúde e Bem Estar Social tenha avançado durante a tarde que pelo menos 17 pessoas morreram e informação divulgada pela televisão pública TVGE fale em pelo menos 20 mortos.
Entre os mortos haverá várias crianças.
Teodoro Obiang apresentou condolências aos familiares das vítimas, desejou as melhoras aos feridos e apelou para o apoio da comunidade internacional, acrescentando que o acidente acontece numa altura em que o país atravessa uma crise económica provocada pela quebra dos preços do petróleo e uma crise sanitária resultante da pandemia de covid-19.
O chefe de Estado estimou que devido à "grandeza dos danos causados nas infraestruturas públicas e privadas", a Guiné Equatorial necessitará do apoio internacional e dos parceiros privados no país para conseguir os volumes financeiros necessários para a recuperação.
"O impacto da explosão causou danos em quase todas as casas e edifícios em Bata", disse o Presidente.
Com o objetivo de fazer o mesmo apelo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Simeon Oyono Esono Angue, reuniu-se hoje com o corpo diplomático acreditado em Malabo para pedir a ajuda dos parceiros internacionais.
"A situação é catastrófica e neste momento o povo da Guiné Equatorial está totalmente devastado", afirmou Simeon Oyono Esono Angue.
"É importante para nós pedirmos aos nossos países irmãos a sua ajuda nesta lamentável situação, uma vez que temos uma emergência de saúde (devido à covid-19) e à tragédia em Bata", frisou.
Várias explosões ocorreram hoje no bairro de Mondong Nkuantoma, em Bata, maior cidade e capital económica da Guiné Equatorial, onde se localiza um quartel militar.
O quartel fica situado numa zona habitacional e durante a tarde imagens transmitidas pela TVGE mostravam casas completamente destruídas e dezenas de pessoas a fugir do local, muitas delas feridas, além de uma espessa coluna de fumo.
Três das explosões ocorreram cerca das 15:00 locais (14:00 em Lisboa) e várias outras foram ocorrendo ao longo da tarde.
Várias equipas médicas e de bombeiros foram mobilizadas para o local e é aguardado para amanhã um reforço de 80 médicos e enfermeiros, provenientes da capital Malabo.
Os feridos estão a ser transportados para os hospitais de La Paz, Nuevo Inseso e Regional de Bata.
Um médico, citado pela TVGE apenas pelo primeiro nome - Florentino - classificou a situação como um "momento de crise", adiantando que os hospitais estavam superlotados.
Disse ainda que um centro desportivo criado para pacientes de covid-19 será utilizado para receber feridos ligeiros.
A estação Radio Macuto disse na rede social Twitter que as pessoas estavam a ser retiradas num raio de quatro quilómetros por causa do fumo
Após a explosão, a Embaixada de Espanha na Guiné Equatorial recomendou que "os cidadãos espanhóis permaneçam nas suas casas".
O vice-presidente e responsável pela Defesa e Segurança, Teodoro Nguema Obiang Mangue, conhecido como 'Teodorin', filho do Presidente Teodoro Obiang, apareceu na TVGE a visitar o local rodeado de um forte aparato de segurança dos seus habituais guarda-costas israelitas.
Localizada na parte continental, Bata concentra cerca de 800 mil habitantes dos 1,4 milhões de residentes deste país da África Central, rico em petróleo e gás, mas onde a maioria da população vive abaixo do limiar da pobreza.
A Guiné Equatorial integra a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.