
Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!
(Lusa) - Oliveira de Azeméis lançou novos trabalhos de arte urbana relacionados com o fabrico artesanal do vidro e com a obra literária de Ferreira de Castro, que a autarquia descreveu hoje como legados a "preservar no futuro".
Em causa está o programa do chamado "Mural do Espanto", que prevê várias manifestações de 'street art' no contexto da segunda edição do Festival de Espantalhos de Portugal, a decorrer nessa cidade até 31 de julho.
Nas áreas pedonais, vários bancos de estadia pública foram pintados com referências à obra literária do escritor Ferreira de Castro (1898-1974), num trabalho da autoria dos artistas locais Mariana Bento, Leonor Violeta, João Xará e Joana Pintor - que também assinam um mural na saída do parque de estacionamento subterrâneo da Praça da Cidade.
A fachada lateral do Edifício Lucy Bell, na Avenida Ernesto Soares dos Reis, recebe, por sua vez, uma pintura da dupla espanhola Mesa sobre a indústria vidreira, enquanto um muro da Rua Albino dos Reis acolhe um trabalho em relevo que, assinado pela designer portuguesa Aheneah, recorre a tecido e parafusos para reproduzir um gato em movimento numa réplica de ponto-cruz.
O presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge Ferreira, diz que se trata de transpor para o espaço público "uma realidade importante do concelho", que é, por um lado, a antiga indústria vidreira local e, por outro, a obra literária do autor de "A Selva", "Emigrantes" e "A lã e a neve".
"São marcas que queremos preservar para o futuro", afirma o autarca, que, no caso específico da arte vidreira, pretende candidatá-la a Património Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês).
Um artesão a soprar vidro ainda quente é, aliás, a imagem retratada no mural de dezenas de metros de altura que o artista espanhol Manolo Mesa assina com o irmão Francisco.
“Propuseram-nos esta temática, deram-nos muita documentação fotográfica - antiga e atual - e pareceu-me muito adequada", revela Manolo. "É um tipo de trabalho artesanal que se perdeu e com isto podemos realçá-lo um pouco", acrescenta Francisco.
Já o mural de Aheneah recorre a painéis de madeira aplicados sobre um muro para reproduzir um gato cujo movimento se propõe acompanhar o tráfego de pessoas na Rua Ernesto Soares dos Reis.
O animal é desenhado com recurso a uma trama de milhares de parafusos, que, apertados de forma a manterem-se alguns centímetros acima da superfície, são depois envolvidos por fios de tricot de várias cores, sempre dispostos em cruz como num bordado tradicional.