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Mais de 200 empresários do setor do transporte de mercadorias decidiram hoje a paralisação de 20% das suas frotas, em protesto contra a subida dos preços dos combustíveis, afastando, para já, greves ou bloqueios de estradas.
“Ficou decidido que cada um dos transportadores representados vai parar cerca de 20% das suas frotas – uns serão cinco carros, outros um carro, outros vinte”, disse o porta-voz da plataforma Sobrevivência pelo Setor, Paulo Paiva, à Lusa, por telefone, no final da reunião que decorreu em Castanheira do Ribatejo, em Vila Franca de Xira.
A paralisação terá início "durante o dia de amanhã" [segunda-feira], disse Paulo Paiva, estimando que estarão parados "300 camiões, sensivelmente”.
Por agora, o porta-voz da plataforma afastou a realização de greves ou de bloqueios de estradas: “Nada de greves, ninguém está de acordo com greves, ninguém está de acordo com fecho de estradas (…) foi unânime”, sublinhou.
De acordo com o porta-voz da plataforma, os veículos paralisados irão ficar estacionados “em locais próprios” na zona de Lisboa, até à resposta às suas reivindicações.
Com esta paralisação, os transportadores esperam alertar o país e “o Governo, que é quem pode fazer algo por eles no imediato”.
Entre as reivindicações, segundo Paulo Paiva, estão a redução nas portagens da classe quatro para a classe dois, a redução provisória de impostos, a redução direta no fornecedor do gasóleo profissional, a obrigatoriedade da anexação da variação do valor do combustível na fatura de frete ou o alargamento do gasóleo profissional a viaturas de peso igual ou superior a 7,5 toneladas.
Para Paulo Paiva, são propostas exequíveis e que estão “ao alcance do Governo”.
Os transportadores esperam agora realizar uma reunião com membros do Governo para "apresentar formalmente estas reivindicações”.
O porta-voz insistiu que não está em cima da mesa o bloqueio de estradas nos “horizontes imediatos”.
“Ficou bem claro que ninguém está na disposição de criar qualquer paralisação de estradas. Nada disso está nos seus horizontes imediatos”, concluiu, acrescentando que “é um grupo da paz”.
O encontro de hoje decorreu um dia depois de uma reunião da Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), que admitiu que a solução para a sobrevivência das empresas de transporte de mercadorias, face à escalada do preço dos combustíveis, passa por um aumento das tarifas.
Os transportadores rodoviários de mercadorias não foram abrangidos pelas medidas anunciadas pelo Governo para mitigar o impacto da subida dos preços dos combustíveis e que incluem, designadamente, a subida do desconto no Autovoucher de cinco para 20 euros e o prolongamento por mais três meses do apoio dado a táxis e autocarros (pagando agora 30 cêntimos por litro de combustível, em vez dos atuais 10).
Os preços dos combustíveis dispararam nas últimas semanas, tanto nos EUA como na Europa, atingindo os níveis mais altos da última década, devido aos receios de uma redução na oferta, provocada pela invasão russa da Ucrânia.
Em Portugal, o gasóleo sofreu na semana passada um agravamento superior a 14 cêntimos por litro, enquanto a gasolina ficou cerca de oito cêntimos mais cara.
A partir de segunda-feira, o preço por litro do gasóleo deverá subir 13,6 cêntimos e o da gasolina 9,3 cêntimos, segundo contas feitas pela Lusa com base nos números fornecidos pelo Governo para a redução do ISP.